O consumidor vai pagar mais caro pelo leite longa vida. Desde janeiro, os preços estão 15% mais altos no atacado no país. No Paraná, além do aumento no custo, pesa a questão tributária. Desde 25 de janeiro, por determinação da lei 16.386, acabou a isenção de ICMS para o leite longa vida na venda ao consumidor final. Com isso, os produtos poderão subir entre 3% a 20%, dependendo da origem. Atém o final da semana, as redes de supermercados consultadas pela FOLHA ainda não tinham mexido nos preços.
O aumento no preço de custo foi anunciado pela Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV) como uma ''readequação dos valores'', em virtude do ciclo do produto. ''O leite longa vida tem um pico que se dá entre agosto e setembro, depois vem caindo até dezembro e daí recomeça a recuperação nos preços. Até o meio do ano estaremos em viés de alta'', diz Nilson Muniz, diretor executivo da ABLV. Ele informa que o longa vida corresponde a 76% de todo o consumo de leite no país.
A entidade não espera queda no consumo por causa dos preços. Pelo contrário, estima o crescimento de 5% em 2010 em relação a 2009 - no ano passado, o índice foi de 3% na comparação com 2008. ''É um caminho sem volta: cada vez mais a população passa a consumir menos o leite pasteurizado (de saquinho) para comprar o longa vida''.
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A Associação Paranaense de Supermercados (Apras) informou que ainda não tinha conhecimento do aumento no custo, mas afirmou que já havia comunicado oficialmente os supermercados sobre a mudança na tributação. ''Os supermercados estão se adequando aos poucos. Uma grande rede (do Estado) nos disse que reajustaria os preços na última sexta-feira'', disse Valmor Rovaris, superintendente da Apras. Ele não arriscou dizer em quanto ficaria o reajuste médio do produto, levando em conta os dois fatores (custo e tributação).
Segundo Rovaris, o leite longa vida tinha isenção de ICMS na venda final por força da lei 14.978, de 28 de dezembro de 2005. Este ano, a nova legislação retirou a isenção. O índice de reajuste vai depender da origem do produto. O longa vida produzido no Estado, segundo Rovaris, deve ficar entre 3% e 7% mais caro. Já o que vem de fora pode subir entre 10% e 20%, dependendo do Estado. Segundo o Conselho dos Produtores e Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite), 73% do total de leite longa vida vendido no Estado vêm de fora e apenas 27% são produzidos no Estado.
Ao consumidor caberá intensificar a pesquisa de preço, procurando pelas tradicionais promoções. Uma pesquisa feita pela reportagem em redes na região de Londrina apontou preços de leite longa vida (integral) de R$ 1,49 a R$ 1,89, variando conforme o estabelecimento e a marca. Na rede Viscardi, segundo o diretor Ademar Vedoato, os preços ainda não foram reajustados. ''Devido ao feriado, só no final desta semana é que entraremos no eixo'', disse.
Os preços do leite longa vida praticados na rede até o final da semana passada - ainda sem reajuste - variavam de R$ 1,49 a R$ 1,79. Segundo Vedoato, com o aumento, alguns produtos vindos de outros Estados devem ficar entre R$ 0,03 e R$ 0,04 mais caros e outros até R$ 0,18, dependendo da marca e do local de origem. Quanto ao aumento no custo do produto, Vedoato ainda não tinha informação. ''A maioria dos vendedores vai passar na próxima semana. Daí saberemos''. Na rede Almeida Supermercados, os preços também não tinham sido reajustados até o final de semana passada. Custavam entre R$ 1,39 e R$ 1,68.