A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para máquinas de lavar, geladeiras, fogões e tanquinhos entra em sua última semana. Em vigor desde abril, a medida possibilitou à indústria e ao varejo retomar as vendas desses bens duráveis, afetadas pela crise financeira internacional. Nesta segunda, representantes do setor reúnem-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo, na expectativa de que a renúncia fiscal seja prorrogada ao menos até o fim do ano.
Ao longo de outubro, empresários da indústria e do varejo pleitearam durante encontros em São Paulo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, a manutenção das alíquotas reduzidas até dezembro ou janeiro de 2010. O governo reduziu o IPI das máquinas de lavar roupa de 20% para 10%, das geladeiras de 15% para 5%, dos fogões de 5% para zero e dos tanquinhos de 10% para zero.
Na saída de recente encontro com Jorge, a presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) - entidade que abrange as principais varejistas do País - e do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, manifestou "otimismo" quanto à possibilidade de renovação da medida. O setor tentou sensibilizar o governo com a justificativa de que a prorrogação vai manter aquecido o mercado de trabalho da indústria da linha branca e do comércio, que é o segundo maior empregador do País.
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A Whirlpool, que reúne as marcas Brastemp e Consul, mantém desde o mês de maio uma taxa média de crescimento ao redor de 20%, ante queda de 6% nos quatro primeiros meses do ano. "Existe uma demanda muito grande sustentada pela redução do IPI. Nas últimas semanas, percebemos o grande varejo recompondo estoques fortemente, como se o incentivo acabasse em outubro", afirmou à Agência Estado seu diretor de Relações Institucionais, Armando Ennes do Valle Júnior.
Segundo Valle Júnior, a Whirlpool irá manter o nível de utilização de sua capacidade instalada ao redor de 85%, independente da decisão do governo. Sazonalmente, os meses de outubro e novembro são os mais aquecidos para a indústria da linha branca. "A razão da crise foi a falta do crédito, que já foi retomado, inclusive com juros menores", afirmou, acrescentando que a expectativa da companhia é encerrar o ano com alta entre 8% e 10% no volume das vendas.
Para o economista da MCM Consultores Marcos Fantinatti, as vendas do varejo deverão voltar em 2010 ao nível pré-crise, com crescimento anual de 9%. Para este ano, a projeção da consultoria é de crescimento no volume entre 5,2% e 5,5%. "A retomada da geração do emprego e do crédito, aliada à manutenção da renda, deve manter as vendas de linha branca aquecidas, mesmo sem a renovação do IPI", disse. "Caso haja a renovação, o desempenho vai melhorar."
Em São Paulo, na sexta-feira, Miguel Jorge voltou a dizer ser favorável à manutenção dos benefícios tributários concedidos aos produtos da linha branca. "A contratação de 6 mil empregados diretos e 28 mil indiretos pelas indústrias da linha branca compensou os R$ 300 milhões em desonerações", afirmou. "Mas oficialmente sou contra a prorrogação dos benefícios. Eu sou contra até o dia em que a gente prorroga."