O centro de Londrina ostenta uma quantidade considerável de sebos, brechós e lojas de móveis usados. Apesar do preconceito, há também quem se preocupe somente com a qualidade do produto e seu preço. Carmem Souza, 62 anos, é uma dessas pessoas que se encantou pelo mercado de segunda mão.
Dona de um brechó, Carmem conta sua experiência como consumidora e vendedora. Quem vai à sua loja pode encontrar roupas e acessórios de grifes. Tudo é legítimo e o preço três vezes mais baixo. "A gente tem que ter visão do que funciona e do que não funciona", comenta. Para a comerciante o que faz um brechó se manter é a criatividade: "se não for criativa, não funciona, nem adianta abrir um brechó.".
Os brechós se tornaram a melhor opção para aqueles que não estão preocupados em estar na moda, mas sim em fazer a moda. Georgia, 17 anos, já aderiu a essa ideia. Ela conta que gosta de encontrar não só o que está na moda, mas também o que ela continua gostando de usar. "É mais barato", pontua. Maria do Carmo, 40 anos, também procura o mercado de segunda mão pelo menor custo das roupas e afirma que sempre encontra produtos de qualidade.
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No setor de móveis e eletrodomésticos também é possível encontrar bons produtos. Neuzely tem a sua loja há 20 anos e as mercadorias que ela revende sempre chegam pelas mãos das pessoas que conhecem o seu trabalho. Em sua loja, guarda-roupa, jogo de mesa e armário são os mais vendidos, já fogão de seis bocas e máquina de lavar louça não tem muita procura.
Para Neuzely, o parcelamento que as lojas convencionais oferecem prejudica as vendas. Para ela ainda tem muita gente que não gosta de comprar porque já foi usado. Carlos Roberto, 45 anos, sócio de uma loja de móveis usados há 7 anos, concorda com Neuzely, "antes de trabalhar com móveis usados eu nunca tinha entrado em uma loja dessas, a gente sempre tem uma certa restrição e eu senti que muita gente ainda tem essa restrição", completa.
Antônio Basques, 60 anos, sabe muito bem como funciona o mercado de usados. Desde 1970, quando tinha uma banca de revistas, ele trabalha com venda de produtos novos e usados. Em 1997, abriu sua primeira loja. "A pessoa tem que ter muito conhecimento no ramo. Saber o que comprar, o que tem aceitação e o que não tem, o que pode pagar, o que é fácil vender", afirma Antônio. Ele acha que o preconceito já diminuiu, mas ainda existe. "Tem aquelas pessoas que acham que colocar a mão em um livro usado é colocar a mão na sujeira. Só que ele esquece que ele pega dinheiro na mão todos os dias, um papel que passa na mão de todo tipo de gente, passa na mão do rico, do pobre, do mendigo, passa na mão de todo mundo e ninguém recusa dinheiro", desabafa Antônio.
Os comerciantes são unânimes quanto o perfil de seus consumidores: não há público específico. Não importa a idade, o gênero ou a classe econômica, todos passam pelo brechó de Carmem, o sebo de Antônio, a loja de móveis usados de Neuzely e de tantas outras lojas de artigos de segunda mão que existem em Londrina.