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Vendendo menos

Lucro de empresas listadas na Bovespa cai à metade

Agência Estado
15 ago 2015 às 09:39

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As empresas brasileiras estão vendendo menos e perderam metade do seu lucro no primeiro semestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, aponta estudo da Austin Asis, divisão de pesquisas de mercado da Austin Rating, com 124 empresas de capital aberto que já divulgaram os demonstrativos financeiros do período. A crise econômica vem corroendo o resultado das empresas brasileiras este ano, agravando um movimento que já está em curso desde o ano passado.

A receita líquida das 124 empresas avaliadas caiu 2,2% no primeiro semestre deste ano, para R$ 308,8 bilhões. O lucro líquido caiu 50%, para R$ 20,9 bilhões. Na média, as empresas aumentaram a geração de caixa (medida pelo Ebitda), puxadas pelo resultado da Petrobrás, que elevou em 48% seu Ebitda no semestre. Sem a Petrobrás, há também queda na geração de caixa das empresas brasileiras.

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Outro dado da Austin Asis mostra que a deterioração dos balanços já começou em 2014. Um conjunto de 3.912 empresas brasileiras, que representam um terço do PIB nacional, lucrou R$ 63 bilhões em 2014, volume 40,6% abaixo do registrado em 2014. Apesar da retração no lucro e na geração de caixa, as empresas ainda conseguiram faturar 9,7% mais no ano passado, algo que não foi mais possível este ano.

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"Os resultados de 2014 mostram que as empresas sofreram um choque de custos acima da alta da receita, o que impactou a sua rentabilidade", explica o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. "Neste ano, a crise atingiu a demanda, especialmente de bens duráveis. Siderúrgicas, montadoras e indústrias de transformação estão vendendo menos", completou.

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Empresas como Vale, PDG, Gerdau, Natura, Via Varejo lucraram menos e, em alguns casos, reverteram lucros em prejuízos. A Vale, por exemplo, apresentou no primeiro semestre deste ano prejuízo líquido de R$ 4,395 bilhões, contra um lucro líquido de R$ 9 bilhões no mesmo período do ano passado. O diretor de Relações com Investidores da mineradora, Rogério Nogueira, esclareceu que o efeito é contábil e não impacta o caixa da companhia. O prejuízo líquido foi provocado pela desvalorização do real em relação ao dólar, o que impactou a dívida da empresa, que é na moeda americana, e fez a companhia reconhecer perdas financeiras no balanço.


A mineradora apresentou queda de cerca de 30% na receita e de cerca de 50% no Ebitda em dólar no semestre. "A Vale está aumentando a sua produção, mas a receita cai porque houve uma redução no preço das commodities", completou. A Vale já vinha executando este ano um programa de desinvestimento e de corte de custos para ganhar produtividade, plano que deve ser acelerado em função da crise.

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A incorporadora PDG, que já estava no vermelho em 2014, viu seu prejuízo líquido quase triplicar, para R$ 393 milhões, no primeiro semestre deste ano. A empresa disse, em e-mail enviado ao Estado, que está focada em vender o estoque e reduzir sua alavancagem financeira. A companhia lançou um único empreendimento em 2015 e concluiu em junho um projeto chamado "orçamento base zero", que, entre outras ações, promoveu demissões para ajustar a estrutura da empresa ao tamanho atual, segundo informações divulgadas pela PDG no relatório de resultados do segundo trimestre.


Custos


Diante de queda de receita e lucro, a ordem é cortar custos. "As empresas têm de ajustar sua base de custos a uma nova realidade de receitas menores", disse Luiz Vieira, líder da área de operações da consultoria Strategy&. Segundo ele, as empresas já fizeram cortes no orçamento e agora terão de tomar decisões mais estratégicas, como fechar fábricas ou sair de um negócio.

Mesmo na crise, o mandato dos executivos não muda e a missão deles é gerar rentabilidade para os acionistas, ressaltou o diretor para a América Latina da Accenture na área de Estratégia, Marcelo Gil. "Não adianta usar a desculpa que o mercado está ruim. Os CEOs terão de arrumar a casa para garantir a sustentabilidade do negócio", disse. Gil destacou que as empresas que não conseguirem se ajustar à nova realidade de custos poderão perder mercado ou até mesmo ser vendidas para concorrentes que fizerem isso com mais sucesso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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