O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve a disposição de vetar o reajuste de 7,72% para os 8,3 milhões de aposentados do INSS que recebem mais de um salário mínimo. Em conversa com sua equipe, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), ele disse que ainda vai conversar sobre o assunto com ministros da área econômica nesta terça-feira, quando vence o prazo final para apreciação do presidente da Medida Provisória que prevê o aumento dos benefícios.
Embora setores do governo e da campanha petista ao Planalto pressionem pela manutenção do reajuste, Lula disse a assessores diretos que seria um risco para a imagem do governo aprovar um aumento para aposentados bastante questionado por sua equipe econômica. A tendência de veto ficou mais clara na quinta-feira, quando o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou em entrevista que o presidente rejeitaria a proposta de reajuste. Bernardo também relatou que Lula vetaria a extinção do fator previdenciário. Na reta final de governo, Lula não está disposto a desautorizar ministros muito menos demonstrar ''frouxidão'' em temas delicados, avaliou um assessor.
O maior temor da equipe econômica é que uma possível manutenção do reajuste dê novo fôlego a diversas categorias de servidores públicos que há tempos pressionam o Congresso a aprovar aumentos que estão na fila de votação e que colocariam em risco o equilíbrio das contas públicas.
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Um desses projetos é a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que fixa um piso nacional provisório para policiais civis, militares e bombeiros, que varia de R$ 3,5 mil (soldados) a R$ 7 mil (oficiais). O impacto estimado nas contas dos Estados e da União é de R$ 30 bilhões.
Espera
O reajuste dos aposentados do INSS chegou a ser discutido no final da tarde pelo presidente com os ministros da coordenação política no CCBB. Antes de entrar na reunião, no entanto, Lula já tinha avaliado que era melhor esperar até terça-feira para tomar uma decisão. Depois do encontro, o presidente ainda recebeu o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), para discutir a questão.
Ao deixar o encontro da coordenação, o ministro da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, evitou dar detalhes da conversa com o presidente. ''Não tem decisão'', se limitou a dizer. A um comentário de repórteres de que a Seleção Brasileira estreia na Copa da África na terça-feira, Gabas apenas repetiu que o anúncio seria mesmo no último dia do prazo para veto ou aprovação da Medida Provisória.
O Planalto reagiu à especulação de que o governo teria deixado o anúncio para o dia da estreia do Brasil na Copa, como forma de atenuar o impacto negativo da medida perante os aposentados. ''Não tem nada disso, o anúncio será na terça-feira porque esse é o prazo final para o presidente tomar a decisão'', afirmou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.