O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou nesta quinta (25), a questão da derrubada da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado, em dezembro de 2007, e reclamou da perda tributária de cerca de R$ 40 bilhões que o fim do tributo acarretou à União. Lula disse que esse tema terá de ser discutido pelo próximo presidente da República, independentemente de quem ganhe as eleições deste ano. "Eu quero dizer aqui a vocês: quem quer que seja presidente depois de mim vai ter de discutir mais dinheiro para a saúde. Não tem alternativa. Não é possível fazer saúde neste País sem dinheiro", declarou, na presença dos dois principais concorrentes ao Planalto, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Em cerimônia para entrega de 650 ambulâncias da rede de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para 573 municípios do País, na fábrica da Rontan, em Tatuí, no interior paulista, Lula disse que a rejeição da CPMF no Senado foi uma "mesquinharia" que resultou na diminuição do orçamento da Saúde. "Fiquei muito magoado e ofendido quando a minha oposição no Senado roubou a CPMF. Não conheço um empresário no Brasil que reduziu o preço de seus produtos em 0,38%", disse o presidente em referência à alíquota descontada dos depósitos bancários até o fim de 2007.
O presidente voltou a criticar a cobertura da imprensa sobre assuntos referentes a seu governo. Ele disse que seguramente seria recriminado por ir a Tatuí participar da cerimônia de entrega de ambulâncias, mas justificou que sua presença era imprescindível para que o investimento tivesse espaço nas páginas dos principais jornais do País. "Eu venho porque senão não vai ter nem uma nota de rodapé de nenhum jornal deste Brasil. Mas se morre alguém na estrada por falta de ambulância, ocupa todos os espaços da televisão em rede nacional", afirmou. "Quem quiser falar mal de mim, que fale, mas as coisas que eu faço, eu mostro", disse sob aplausos da plateia formada por trabalhadores da empresa. Lula disse que voltará à fábrica em julho deste ano para entregar mais 1.600 ambulâncias para outros municípios do País. "Podem estar certos", disse.
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Em seu discurso, o presidente também fez uma defesa veemente do Sistema Único de Saúde (SUS), que na sua avaliação é "o melhor plano de saúde da América Latina", embora tenha reconhecido que há deficiências. Ele fez questão de citar que paga um plano de saúde privado, mas que grande parte dos serviços de excelência em Saúde, entre os quais transplantes, são financiados pelo SUS. "Muitas dessas coisas chiques que vocês veem na televisão são pagas pelo SUS. Quem faz transplante nesse País tem o serviço pago pelo SUS", ressaltou.