O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário de Londrina e Região (Sintracom-Londrina) anunciou ontem a revogação, ocorrida no último dia 12, do segredo de Justiça de processo promovido pela entidade contra a construtora Iguaçu do Brasil e o seu proprietário Carlos Alberto Campos de Oliveira. Com a decisão do juiz da 7ª Vara Federal do Trabalho, Mauro Vasni Paroski, foram revelados os nomes dos sócios de Oliveira na construtora, até então mantidos em segredo.
Tratam-se de Guidimar dos Anjos Guimarães e sua empresa, Guidimar Guimarães Consultoria e Desenvolvimento de Negócios, que foram incluídos na ação no dia 7 de novembro. Eles teriam direito, segundo declaração de Oliveira, a 55% da empresa e o investimento na construtora teria sido de R$ 1,5 milhão. Com correção, o assessor jurídico do Sintracom, Jorge Custódio, estima o valor hoje em R$ 2 milhões.
O sindicato diz acreditar que a revelação dos nomes dos sócios da construtora dá "uma nova perspectiva" aos cerca de 100 trabalhadores que aguardam receber da empresa. A dívida com os trabalhadores chega a quase R$ 1 milhão, afirma o presidente do sindicato, Denilson Pestana da Costa, sendo que 29 trabalhadores ainda precisam comprovar vínculo empregatício, já que trabalhavam sem registro em carteira.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Guidimar Guimarães tem 15 dias para apresentar defesa. Enquanto isso, o sindicato afirma que continuará reunindo provas contra a empresa, e a expectativa é que o sócio revelado se responsabilize solidariamente com a dívida, declara Costa. Ainda não se sabe, entretanto, qual o valor do patrimônio do sócio da Iguaçu do Brasil. "O que se sabe é que ele tem grande investimento na cidade e possibilidade de honrar com a dívida." Ontem, a reportagem não conseguiu contato com o empresário.
O pedreiro Agnaldo Reis Carvalho trabalhou um ano e três meses para a construtora e ficou mais de dois meses sem registro em carteira. No percurso para o obra, sofreu um acidente de moto e está até hoje sem poder trabalhar. "Espero que acertem com a gente. Minha mulher tem lúpus, a gente sofre muito. A família é grande, são seis pessoas em casa e a gente precisa de dinheiro." Segundo ele, a empresa lhe deve R$ 12 mil. Carvalho diz que nunca desconfiou da idoneidade da construtora, já que os salários eram pagos pontualmente. Valdemar da Silva, também pedreiro, tem a expectativa de que a situação se resolva logo. "A gente conta com o dinheiro de fim de ano."
Clientes
Eduardo Tomasetti, representante dos clientes lesados pela construtora, afirma que, apesar de estar no âmbito trabalhista, a decisão também representa uma "luz no fim de túnel" para aqueles que aguardam ser ressarcidos do prejuízo ao comprarem imóveis da construtora.