O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a economia brasileira deve crescer pelo menos 7% este ano, resultado que deve contar com a colaboração de uma expansão substancial na produção industrial. A indústria de transformação no Brasil hoje responde por 17% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o ministro, o setor manufatureiro deve registrar um incremento de 10% neste ano ante 2009.
Mantega afirmou que a expansão da indústria conta com grande participação da ampliação dos investimentos de longo prazo, seja na aquisição de máquinas e equipamentos ou na expansão das fábricas. Ele acredita que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deve avançar 20% em 2010.
Uma contrapartida da forte expansão do nível de atividade do Brasil é o incremento da rentabilidade registrada pelas empresas em geral, inclusive as multinacionais. De acordo com Mantega, as remessas de lucros e dividendos de companhias para o exterior devem alcançar US$ 36 bilhões neste ano. Esse valor, segundo ele, é equivalente a 75% do déficit de transações correntes que o País deve apresentar este ano que, de acordo com o ministro, deve atingir US$ 48 bilhões. Segundo o Banco Central, esse saldo negativo das contas externas deve atingir US$ 49 bilhões neste ano.
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O ministro não manifestou preocupação com o avanço do déficit em transações correntes. Para muitos economistas, o aumento desse saldo negativo das contas externas está diretamente relacionado com a maior velocidade de expansão da economia brasileira, o que acaba requerendo mais das importações. Por outro lado, a lenta recuperação mundial não permite uma avanço tão rápido das exportações.
Mantega ressaltou que o governo deseja a ampliação dos prazos de financiamento para investimento de longo prazo. Ele destacou que a Agência Brasileira de Garantias deve ter seus detalhes finais acertados nos próximos dias. Segundo ele, a importância dessa instituição é aumentar a segurança dos agentes financiadores de projetos, o que vai também ajudar a reduzir os juros dos financiamentos. Contudo, Mantega destacou que os spreads no Brasil, que vêm caindo, ainda têm espaço para cair mais. Ele ressaltou que a taxa média de spread para pessoas físicas atingiu 38,6% em setembro de 2008 e baixou para 28,9% em julho deste ano. "Há ainda espaço para redução dos spreads", afirmou em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).