Muitas vezes, tarefas de construção e manutenção de ferrovias vêm sendo cumpridas com ajuda de máquinas gigantes, conhecidas como desguarnecedoras. Trata-se da maior estrutura de máquinas utilizada na manutenção de ferrovias, capaz de levantar os trilhos, raspar a base e recompor a estrutura sem sair da linha férrea.
Uma dessas desguarnecedoras vem sendo operada pela concessionária Rumo na região de Londrina. A máquina austríaca da marca Plasser & Theurer custou R$ 20 milhões e trabalha há três anos. Com 25 metros de comprimento e 63 toneladas, funciona com quatro vagões para coleta de resíduos, somando ao todo 125 metros. A esse comboio normalmente são acoplados ainda vagões carregados de pedras, matéria-prima para a base das trilhos.
A desguarnecedora é autopropulsora, com um motor Cummins de 500 HP. Possui basicamente três partes: a cabine de condução, o centro de operações propriamente dito (que levanta os trilhos e restaura mecanicamente a base da ferrovia) e a cabine de controle da obra de manutenção. Ou seja, cumpre o papel de uma locomotiva e, ao mesmo tempo, funciona como central de operações.
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O chão é raspado sob a estrutura da linha, enquanto correias recolhem pedras e barro do solo e carregam os quatro vagões destinados aos resíduos, tudo sobre os próprios trilhos. Esse procedimento permite a destinação do material para depósitos licenciados. Os vagões carregados de pedras limpas, acoplados ao comboio, são descarregados no local desguarnecido para que haja total restauração da base da estrada de ferro.
Equipes de aproximadamente 20 trabalhadores realizam simultaneamente o desguarnecimento e o reparo nos trilhos bem como troca de dormentes inservíveis. Depois da passagem da desguarnecedora, uma socadora realiza a correção geométrica da linha restaurada, que logo voltará a receber trens carregados de produtos agrícolas e industriais.
"Com a desguarnecedora, a manutenção da ferrovia pode ser feita com investimento de R$ 200 por metro. Sem o uso da máquina, esse custo tende a ser cinco vezes maior", compara o coordenador de Operações da Rumo na Malha Sul, Arsildo Warken. A máquina entra em ação sempre que possível. "Como ela exige a interdição da ferrovia, normalmente durante todo o dia, temos que programar a manutenção dos trechos mais utilizados para os períodos de entressafra agrícola, que são de menor movimentação de cargas", explica.
A ação do tempo e a passagem dos trens faz com que as ferrovias estejam permanentemente em manutenção. Nas regiões de solo arenoso, as chuvas "contaminam" mais facilmente a base das ferrovias. O trabalho da desguarnecedora da Rumo deixa a linha férrea em boas condições para o tráfego por um longo prazo, que pode passar de cinco anos.
Até setembro, a máquina deve permanecer na região de Londrina. Na sequência, deve ser encaminhada para a manutenção de trechos ferroviários entre Maringá e Ponta Grossa. Em operação contínua, a desguarnecedora austríaca da Rumo reforma até 150 metros lineares de ferrovia por hora.