A massa de rendimentos registrou queda num período de 12 meses pela primeira vez na série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em agosto, a massa de rendimentos reais dos ocupados recuou 1,1% na comparação com o mesmo mês de 2010 no conjunto das sete regiões metropolitanas pesquisadas pelas entidades. A série teve início em 2009, quando a região metropolitana de Fortaleza foi incluída no levantamento, que também considera as regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Em relação a julho a massa de rendimentos manteve estabilidade.
Na região metropolitana de São Paulo o comportamento da massa de rendimentos dos ocupados foi semelhante. Ela caiu 0,9% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2010, recuo que não acontecia desde junho de 2009, quando o indicador recuou 0,02% ante junho de 2008. Na comparação com julho de 2011, a massa caiu 0,6%.
Na opinião do economista da Fundação Seade Alexandre Loloian, a queda da massa de rendimentos está relacionada à elevada base de comparação do ano de 2010. "O comportamento da massa no ano passado empinou a curva do indicador", afirmou. Segundo ele, ao longo dos últimos anos a massa de rendimentos, indicador que combina o nível de ocupação e o rendimento médio real dos trabalhadores, costumava ter seu desempenho mais ligado à ocupação, já que a renda registrava um comportamento tímido. No ano passado, porém, tanto a ocupação quanto o rendimento aumentaram, gerando um crescimento substancial da massa, que chegou a crescer 13% na comparação de 12 meses ao longo de 2010.
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Para o economista do Dieese Patricia Lino Costa, o comportamento da massa deve ser acompanhado com cautela. "A massa de rendimentos foi o grande patrimônio que gerou o crescimento do País nos últimos anos. Preocupa-nos qual será o comportamento da massa daqui para a frente", afirmou. "Quando a massa não cresce, a sociedade consome menos e gera menos emprego no comércio e nos serviços."
Apesar disso, o desemprego voltou a cair no mês de setembro. Na região metropolitana de São Paulo, o desemprego recuou para 10,6%, ante 11,2% em agosto. Foi a menor taxa para mês desde setembro de 1990, quando o desemprego foi de 10,2%.
No indicador do conjunto das sete regiões metropolitanas, que teve a série iniciada em 2009, o desemprego passou de 10,9% em agosto para 10,6% em setembro, comportamento avaliado como estável pelas entidades. Foi a menor taxa para o mês desde o início da série. "Em setembro voltamos a ter a redução do desemprego esperada para esta época do ano", disse Loloian.
Nas sete regiões metropolitanas o nível de ocupação aumentou 0,9% em setembro ante agosto, com a geração de 182 mil postos de trabalho. A redução do desemprego só não foi maior porque também cresceu a quantidade de pessoas dispostas a procurar uma vaga - em setembro foram 130 mil a mais do que em agosto.
Entre os destaques, a surpresa foi o crescimento dos empregos na indústria, com alta de 2,5% em setembro ante o mês anterior. Também cresceram as ocupações no setor de serviços (0,8%), comércio (0,6%) e construção civil (0,7%). Somente os serviços domésticos registraram queda, de 0,3%.
Em São Paulo, o nível de emprego na indústria subiu 4%, com a geração de 67 mil vagas, um "resultado surpreendente", segundo Loloian. Para ele, os segmentos que mais contribuíram para esse resultado foram os de vestuário e setor têxtil (+6,3%), metal-mecânica (+4,4%) e de química e borracha (+1,8%).
Nas regiões pesquisadas, também se destacaram os comportamentos da indústria em Porto Alegre (+4,6%) e Belo Horizonte (+0,7%). A construção civil subiu 7% em Salvador e 2,8% no Distrito Federal. O comércio, por sua vez, aumentou 1,9% na capital baiana e 1,1% em São Paulo. Os serviços cresceram 3,3% no Recife e 0,9% em Belo Horizonte.