O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acenou com a possibilidade de não continuar no governo federal quando deixar a instituição no final deste ano. "Uma das coisas interessantes quando se faz essa transição de volta para o setor da economia real, principalmente estando aqui em São Paulo, é que as perspectivas são diferentes", comentou.
Durante discurso no jantar anual de confraternização da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no Grand Hyatt Hotel, em São Paulo, Meirelles destacou que, logo após tomar posse na presidência do BC em 2003, em conversas com companheiros do banco, ouviu uma expressão que achou curiosa: "entrar em um cargo público é mais fácil do que sair". Meirelles disse que, naquele momento, não entendeu "esse negócio", pois, para ele, quando um servidor público acaba sua missão, especialmente um ministro de Estado, concluiu suas tarefas e vai para casa.
"Na realidade, no serviço público, naquela visão de Brasília, não existe mundo fora da alta administração federal. Então, só sai do serviço público sendo derrubado de alguma maneira. Não se tem o livre arbítrio que é normal no setor privado", concluiu Meirelles.
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Ao discursar, o presidente do BC fez um agradecimento especial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe deu "totais condições" para presidir a instituição com plena liberdade e confiança na execução das suas políticas, sobretudo a monetária e cambial.
"Fico muito gratificado e muito feliz que a autonomia do BC foi reafirmada pela presidente eleita (Dilma Rousseff) e pelo presidente indicado do Banco Central do Brasil (Alexandre Tombini)", afirmou. O comentário é uma referência à nota divulgada ontem por Dilma e à entrevista concedida ontem por de Tombini, em que ele disse que o BC terá total autonomia para trabalhar, especialmente em busca da estabilidade dos preços e cumprimento da meta de inflação.