As mulheres, que há poucas décadas eram somente mães e esposas, agora querem ser, antes de tudo, mulheres. Independentes, decididas, trabalhadoras, provedoras. Que não têm vergonha de assumir que querem também ficar satisfeitas nas relações sexuais. Lançam mão da criatividade e desibinição e utilizam lingeries sensuais, óleos de massagem, técnicas de strip-tease e até fantasias e acessórios eróticos para garantir o prazer.
Dados da Associação Brasileira de Mercado Erótico e Sensual (Abeme) revelam que 70% dos consumidores de produtos desse ramo é composto de mulheres. ''O crescimento da demanda do público feminino nos últimos anos é fantástico. Grande parte é de mulheres da clase A, B e C, com idades entre 25 e 45 anos e casadas'', comenta o presidente da Abeme, Evaldo Shiroma, que também é organizador da Erotika Fair, maior evento do ramo no Brasil, realizada desde 1997.
O volume desses produtos já é bastante representativo no País. Segundo Shiroma, o mercado movimenta cerca de R$ 1 bilhão ao ano. O grande filão é o comércio de produtos como próteses, estimuladores e cosméticos. ''Comparado ao mercado americano, que movimenta mais de 10 bilhões de dólares, diria que o Brasil ainda se encontra em fase embrionária, portanto, com grande potencial. Nos últimos anos o mercado erótico vem apresentando crescimento de 10% a 15% ao ano'', acrescenta Shiroma.
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Os números são fortalecidos pelo surgimento de indústrias e empresas especializadas. ''Hoje, 70% dos produtos vêm de fora e 30% são produzidos internamente. Porém, essa diferença já foi bem maior. No Paraná, por exemplo, estãos lojas e fabricantes que despontam no mercado nacional, como a Kalya'', diz ele, referindo-se à indústria de cosméticos de Londrina. ''Sem dúvidas este é um mercado próspero, com ainda mais perspectiva de crescimento ordenado, profissionalização e até mesmo ganhar o mercado externo, pois o mundo não conhece o Brasil erótico.''
Para atender a esse público, empresários criam alternativas para garantir que os produtos não se acumulem nas prateleiras em função do preconceito ainda existente. Uma das sacadas mais recentes são as butiques eróticas e lojas de lingerie com produtos extras. Voltados principalmente às mulheres que não tem medo de ousar, esses locais vendem produtos convencionais, como calcinhas e sutiãs, mas também possuem um vasto menu de brinquedos e acessórios.
Empresário do ramo de lingerie desde 1994, Laércio Terense resolveu arriscar implementando artigos eróticos em suas lojas. ''Comecei com os cosméticos e vi que a aceitação foi muito boa, tinha público para os produtos. Mas ainda assim, as mulheres ficavam com vergonha de comprar. Para isso, fiz uma sala reservada na loja, onde elas poderiam escolher com mais privacidade'', conta. A sala já dobrou de tamanho e possui outros produtos, como próteses, vibradores, brinquedos e inúmeros acessórios eróticos.
Segundo ele, o forte de seu negócio são as lingeries, mas, em apenas dois anos, os produtos eróticos já representam 15% de seu faturamento total. ''As mulheres que compram os produtos já eram clientes das lingeries. Foi mais uma opção que oferecemos.''