O pessimismo com a reação da economia brasileira aumentou e as previsões para o crescimento em 2012 pioraram novamente. De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, a mediana das estimativas do mercado financeiro para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano caiu de 1,85% para 1,81%, a segunda piora seguida. Há quatro semanas, estava em 1,90%. Para 2013, a aposta manteve-se em crescimento de 4%, abaixo dos 4,10% verificados há quatro semanas.
Como acontece há vários meses, o setor industrial é o que apresenta o pior desempenho e lidera o movimento de desaceleração da economia brasileira. De acordo com o levantamento, a expectativa para o desempenho do segmento este ano piorou pela 11ª semana seguida: passou de uma contração da atividade de 0,69% para uma queda ainda maior, de 1%. Há um mês, analistas ainda esperavam algum crescimento da indústria, de 0,09% no ano.
Para 2013, economistas esperam recuperação da atividade industrial. Mesmo assim, a previsão de crescimento do setor para o próximo ano também sofreu com o pessimismo e a estimativa recuou de 4,40% para 4,30%. Um mês atrás, o número também estava em 4,30%.
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Analistas reduziram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012, de 35,40% para 35,20%. Para 2013, a projeção seguiu em 34%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 35,50% e 34% do PIB para cada um dos dois anos.
Juro e inflação
O mercado financeiro elevou pela quinta semana consecutiva a projeção de inflação medida pelo IPCA em 2012. Nesta semana, a mediana das expectativas passou de 5,00% para 5,11%. Há quatro semanas, estava em 4,87%. Com esse movimento recente, a inflação projetada se afasta cada vez mais do centro da meta, de 4,5%. Para 2013, a aposta manteve-se em 5,50% pela sétima semana.
Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsão para o IPCA em 2012 no cenário de médio prazo também subiu e passou de 5,05% para 5,15%. Há um mês, o grupo apostava em alta de 4,85%. Para 2013, a previsão dos cinco analistas manteve-se em 5,50% pela nona semana.
Analistas do mercado financeiro mantiveram a previsão de que o ciclo de corte dos juros básicos (Selic) terminará em outubro. A Pesquisa Focus mostra que a expectativa dos analistas é de que o Banco Central deve reduzir a taxa em mais duas ocasiões no atual ciclo: agosto e outubro, o que levaria a Selic para 7,25% no fim do ano. Há um mês, economistas trabalhavam com a hipótese de que a taxa terminaria em 7,50%, dos atuais 8%.
Para os analistas ouvidos pelo BC, no dia 29 de agosto - data da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) - a taxa Selic deve ser cortada em 0,50 ponto porcentual, para 7,50%. Depois, em 10 de outubro, o BC deve optar por um novo corte, porém menor, de 0,25 ponto, o que levaria o juro brasileiro para 7,25%, novo piso histórico.
Para 2013, a previsão do juro no fim do ano seguiu em 8,50% pela quinta pesquisa seguida, o que revela expectativa de volta das altas de juro para conter o ritmo da inflação que volta a ganhar força.
Câmbio
O mercado financeiro manteve a previsão de que a moeda norte-americana deve terminar 2012 e 2013 no patamar dos R$ 2. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das projeções para o preço do dólar no fim deste e do próximo ano seguiu em exatos R$ 2,00. Há um mês, analistas previam dólar a R$ 1,95 no fim de 2012 e também no de 2013.
As estimativas para o curto prazo se mantiveram na casa dos R$ 2. Para o fim do mês, a previsão para o dólar seguiu em R$ 2,03. Para setembro, a expectativa cresceu um centavo, de R$ 2,01 para R$ 2,02. Há quatro semanas, a previsão para o dólar no fim dos dois meses estava em R$ 2,00.