Além dos imóveis para faixas de renda mais baixas (de zero a três salários mínimos), o programa Minha Casa, Minha Vida também concede subsídios para a compra de residências para faixas mais altas (com renda de até 10 salários mínimos), que podem incluir apartamentos com suítes e condomínios com itens de luxo.
Evelyn Regly ficou noiva em 2009, e a decisão de comprar um imóvel para parar de pagar aluguel veio pouco após o lançamento da primeira fase do Minha Casa, Minha Vida. Ela procurava um apartamento básico, mas se surpreendeu por poder comprar um imóvel em um condomínio cheio de "extras": piscina, academia, espaço gourmet, espaço "kids", sala de massagem, salão de jogos e "lan house".
"Ficamos super felizes, porque ainda por cima o apartamento veio com todas essas coisas que a gente não estava esperando", diz a jovem de 27 anos, que trabalha como webmaster e, até que o apartamento fique pronto, segue morando com os pais na Pavuna, Zona Norte do Rio.
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"Vou aproveitar muito esse espaço. Ainda mais que já conheço todo mundo. Já prometi que vamos fazer um 'open house' quando pegarmos as chaves".
Classe média
O foco na classe média também aumentou com a ampliação, anunciada neste ano, do teto para imóveis que podem ser enquadrados no programa. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal, o valor passou de R$ 130 mil para R$ 170 mil.
O apartamento de Evelyn e seu noivo, Diego Coutinho, vai custar R$ 110 mil e fica na Abolição, também na Zona Norte carioca. Eles compraram o imóvel na planta no fim de 2009. O casal deu R$ 25 mil de entrada, teve R$ 18 mil subsidiados pelo Minha Casa, Minha Vida e agora vai pagar prestações de R$ 470 por mês durante 25 anos.
Evelyn diz que nem um aluguel na região sairia por este valor, estimando que gastaria cerca de R$ 700 mensais por um apartamento semelhante.
"Quando resolvemos comprar, pensávamos que teria que ser um imóvel de no máximo R$ 60 mil. Mas, com o subsídio, vimos que poderíamos comprar um apartamento melhor", diz. O apartamento tem dois quartos, sendo um deles uma suíte, e 51 metros quadrados.
Inicialmente, a jovem diz ter achado que não poderia comprar um imóvel com o programa. "Achei que fosse para classes mais baixas, não para o tipo de apartamento que estávamos buscando. Foi ótimo para a gente. Se não fosse pelo programa, não teríamos conseguido comprar."
Blog
Evelyn criou um blog assim que fechou a compra do apartamento, no fim de 2009. A página foi batizada de Spazio Riverside, mesmo nome do prédio.
O blog, que era um canal para extravasar a ansiedade com a construção, acabou envolvendo outros futuros vizinhos, que agora já se conhecem bem mesmo antes do prédio estar pronto. Para este mês, já programaram até uma festa junina.
"Achava que ia mudar e não ia conhecer ninguém, mas agora já conheço todo mundo", diz Evelyn.
Um dos futuros vizinhos é o comerciante Gilberto Rodrigues, de 31 anos, que também financiou o apartamento por meio do programa habitacional do governo e vai pagar parcelas mensais de R$ 520 durante 15 anos.
Ele fez simulações antes da compra e diz que não teria conseguido adquirir o imóvel com um financiamento convencional, já que os juros tornariam as parcelas altas demais.
"É vantajoso entrar no programa por causa das taxas de juros e por causa das parcelas com valor decrescente. Mas, para mim, o principal é que você só começa a pagar as parcelas mensais depois que recebe as chaves. Eu não poderia pagar um outro aluguel e as prestações ao mesmo tempo."
Rodrigues diz que, "por enquanto", vai morar sozinho. "Achei o apartamento, mas ainda estou procurando a companheira", diz, em tom de brincadeira.
Já Evelyn torce para que o prédio fique pronto antes de seu casamento, em novembro. "O prazo era para entregar agora em março. Está atrasado. Agora é esperar."