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Reforma agrária?

MST prepara ''abril vermelho'' intenso

Agência Estado
24 mar 2010 às 09:28

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João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST no Brasil - AEN
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Movimento dos Sem-Terra (MST) já começou as articulações para a jornada de ações que costuma desenvolver no mês de abril, o chamado "abril vermelho". A meta é superar os números da jornada do ano passado, quando foram registradas 29 invasões de terra - um número pequeno, em comparação com anos anteriores. Em 2004, quando o MST pôs em andamento a ofensiva de abril, foram registradas 103 invasões. Em 2007 foram 74.

A decisão de reforçar a jornada deste ano é inusitada. Tradicionalmente o MST pisa no freio em anos eleitorais. Acredita-se que faz isso para não prejudicar os candidatos petistas simpáticos à causa da reforma agrária e à militância dos sem-terra. Em 2002, quando as chances de Luiz Inácio Lula da Silva chegar à Presidência se tornaram palpáveis, o MST praticamente hibernou, realizando poucas ações durante todo o ano. Em 2006, ano de reeleição de Lula, puxou-se o freio de mão novamente.

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Por qual motivo então o MST iria intensificar as ações em 2009, às vésperas de uma eleição das mais delicadas, quando Lula tentará eleger sua sucessora? Fala-se em três motivos. O primeiro seria manifestar descontentamento com os rumos da reforma agrária no governo Lula, que teria ficado aquém das expectativas do MST, e ampliar o cacife dos sem-terra nas negociações com o PT. O segundo seria reagir à chamada criminalização dos movimentos sociais que estaria em curso no País.

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De acordo com líderes do MST, esse é o principal problema enfrentado hoje pelos sem-terra e outros movimentos existentes no País. Dias atrás, ao participar, em São Paulo, do lançamento de uma frente de comunicação a favor da reforma agrária e contra a criminalização, o principal líder do MST, João Pedro Stédile, disse que, "com a aproximação da campanha eleitoral, a direita se rearticula" para tentar "aniquilar os movimentos sociais".

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Exemplos. Ele citou como exemplos dessa rearticulação a instalação da CPI do MST no Congresso; as denúncias do Tribunal de Contas União (TCU) sobre irregularidades no repasse de verbas públicas para entidades ligadas aos sem-terra; os pronunciamentos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticando as invasões de terra; a ação das Polícias Militares nos Estados, e, por fim, a mídia.


"Estamos enfrentando muitos problemas de repressão física real em alguns Estados onde a direita tem poder direto, como no Rio Grande do Sul e em São Paulo", disse ele. Sobre as denúncias do TCU, observou: "O TCU se atribui o direito de legislar, de dizer o que é certo e errado, mas qual é a moral do TCU? Todo mundo sabe que seus integrantes são escolhidos pelo Parlamento entre aqueles parlamentares que não conseguem se eleger. É um depósito de parlamentares fracassados, que, sem se eleger, conseguem pelo partido uma boquinha para o tribunal, para se aposentar com R$ 20 mil por mês. É isso que eles são. Não têm nenhuma moral para exercer essa perseguição ideológica contra os movimentos."


Stédile também observou que os problemas dos movimentos sociais com o Judiciário aumentaram após a ascensão de Gilmar Mendes à presidência do STF, dois anos atrás. "Ele se transformou no porta-voz da direita brasileira e usou o STF como se fosse uma bancada de vereadores do interior", afirmou. "Usou o cargo na cruzada ideológica contra os movimento sociais."

É nesse cenário que o MST se articula para uma jornada mais ofensiva em abril. Segundo Stédile, a meta principal do movimento é obrigar o Estado a cumprir suas obrigações, democratizando o acesso à terra, garantindo educação nos assentamentos e moradia popular.


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