As regras da Previdência precisam ser alteradas, mas as medidas em estudo pelo governo não serão suficientes para sanar o rombo atual, embora possam ajudar a frear o crescimento dos gastos, avaliam economistas.
Para Paulo Tafner, economista e pesquisador do Ipea, as medidas em estudo pelo menos farão com que a "trajetória do crescimento do gasto diminua". "Estamos muito atrasados, pois a Previdência no Brasil está desajustada há 20 anos. Se nada for feito, o gasto previdenciário vai atingir 20% do PIB entre 2040 e 2050."
Raul Velloso, economista e especialista em contas públicas, tem dado semelhante. Segundo ele, os gastos até 2040 vão representar 24% do PIB, o dobro da fatia verificada em 2012. Na sua opinião, "não tem mais sentido a distinção entre homens e mulheres para a idade de aposentadoria", pois as mulheres vivem mais. "Deveria ser 65 anos para os dois sexos."
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Tafner também defende uma idade mínima, como ocorre nos países desenvolvidos. "Não faz sentido uma pessoa no Brasil se aposentar aos 50 anos e viver mais 24 anos. Quem paga isso são as gerações futuras", diz.
A advogada previdenciária Marta Gueller, sócia do escritório Gueller, Vidutto e Portanova, pondera que, apesar de a mulher viver mais, lida com condições sociais desiguais. "É possível igualar a idade, desde que haja também uma política igualitária no mercado de trabalho."
Quanto à unificação das regras da Previdência rural com urbana, ela afirma que a medida seria assimétrica. "A contribuição do segurado rural não é do mesmo valor, mas também os benefícios são menores. Ele vive menos e tem menos oportunidades: não pode pagar o pato por um caixa que já não está saudável desde a década de 80."
A Força Sindical não aceita que qualquer passo para uma reforma seja dado sem a participação de representantes dos trabalhadores. A Força argumenta que o Fórum Nacional da Previdência foi instituído, pelo próprio governo, com esse objetivo. A CUT informou que só vai discutir o tema no fórum. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.