A alta dos alimentos ao longo de 2010 fez a inflação no Brasil chegar ao seu maior patamar em seis anos, mas foi entre os mais pobres que o aumento geral de preços ficou ainda mais evidente.
Os brasileiros que recebem de um a seis salários mínimos tiveram de enfrentar uma inflação de 6,47% no ano passado, enquanto o índice oficial, que mede até 40 salários mínimos, ficou em 5,91%.
Com um orçamento apertado e comprometido com as necessidades básicas, as classes de baixa renda encontram dificuldade em substituir produtos e serviços cada vez mais caros, resultando em uma inflação maior para essa parcela da população.
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Itens importantes da mesa do brasileiro tiveram uma alta expressiva em 2010: o feijão, por exemplo, ficou até 60% mais caro, enquanto o preço da carne subiu 30%.
Segundo economistas, alimentos mais caros costumam ter um efeito ainda "mais cruel" entre os mais pobres, que dedicam uma maior parcela de sua renda a essa categoria.
"Nas classes mais baixas, a alimentação tem um peso de até 40% na despesa total, enquanto entre os mais ricos esse peso fica perto de 10%", diz o economista Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio).
No ano passado, o preço dos alimentos registrou uma alta de 10,82% para os mais pobres, representando 3,20 pontos percentuais de toda a inflação no período - o equivalente a metade do índice.
"Quanto mais uma inflação é influenciada pela alta dos alimentos, mais vulneráveis ficam os pobres", diz Quadros.