O termo empreendedorismo tem muitos e diferentes significados. Pode se referir a ações que agregam valor, a pró-atividade, a identificação de oportunidades, a criação de empresas e produtos novos. Na região Norte Pioneiro do Paraná, frequentemente, o empreendedorismo está ligado a sabores. É no desenvolvimento da indústria alimentícia que parece estar o grande potencial da região.
O Norte Pioneiro é uma região essencialmente agrícola e até pouco tempo sua produção era transferida para ser processada em outras regiões. Hoje, boa parte é transformada em produto final na própria região, que também é destino de matérias-primas vindas de outras regiões.
O consultor do Sebrae Odemir Campello, que atende empresas de municípios da região, elenca alguns fatores que ressaltam o potencial do Norte Pioneiro para a indústria alimentícia. "Nós temos uma mão de obra na região muito voltada para esse segmento. Temos o Instituto Federal em Jacarezinho, com curso técnico em alimentos, temos a UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), com os cursos de Agronomia e Medicina Veterinária em Bandeirantes", explica.
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A posição geográfica do Norte Pioneiro também é uma grande vantagem para a produção de alimentos. "Estamos próximos de dois grandes centros consumidores, que são Curitiba e São Paulo; estamos no corredor por onde passa a produção da região Centro-Oeste. A matéria-prima passa na nossa porta", pondera o consultor. "Temos um entroncamento rodoviário importante, com a BR-369, Rodovia Castelo Branco e Raposo Tavares", acrescenta.
A presença de grandes indústrias alimentícias na região, como a Frangos Pioneiro em Joaquim Távora, Laticínios Carolina em Ribeirão Claro, a Yoki e a Panco em Cambará, a JBS em Jacarezinho, segundo Campello, também estimulam o segmento. "Em torno delas, outras empresas do ramo vão surgindo", afirma.
QUALIDADE
A partir da percepção desse potencial na região, há três anos, o Sebrae tem investido em projetos que ajudem micro e pequenas empresas alimentícias do Norte Pioneiro a se desenvolverem. "São cerca de 50 empresas, que ajudamos a buscar soluções, a implantar práticas inovadoras, a ganhar competitividade", conta Campello.
Uma dessas empresas é a Doce Brasil, que produz o açúcar mascavo que se tornou referência para o padrão de qualidade exigido pelo mercado nacional. Com uma produção mensal média de 100 toneladas, mas com capacidade para produzir 160 toneladas, a empresa de Itambaracá tem como diferencial o controle de todos os processos da produção. "Nosso controle começa já na matéria-prima, no campo, respeitando a maturação da cana para ter controle do odor, do sabor do nosso açúcar", detalha Mônica Zambon Holzmann, uma das proprietárias.
O controle se estende a todo o processo produtivo, respeitando as chamadas boas práticas de fabricação, que incluem um conjunto de medidas adotadas para garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos. "Em termos de produção, não conheço em nível nacional outra empresa do ramo com o mesmo controle que temos", afirma a empresária.
Mas para atingir esse patamar foi preciso muita persistência, característica comum em empreendedores de sucesso. "Quando lançamos a marca, há 15 anos, éramos 14 marcas de açúcar mascavo. Hoje, acho que tem mais duas, além de nós", conta Mônica. "Todo mundo me falava que o tempo máximo de vida da empresa seria cinco anos. Eu sempre disse que não."
Segundo a empresária, toda a história da Doce Brasil foi construída correndo riscos e buscando o desenvolvimento constante. Para 2017, a meta da empresa é crescer entre 20% e 25%.
MEL
O foco na qualidade dos produtos é estratégia comum na indústria alimentícia do Norte Pioneiro. O empresário Anízio Carlos Giuseppin trabalha com abelhas há 32 anos. No começo, a dedicação informal visava apenas complementar o salário de professor. Hoje, aposentado, Giuseppin tem no Apiário Umuarama sua única atividade. Apesar do nome, a empresa tem sede em Figueira, mas a produção está espalhada por seis municípios da região. "Tenho 1,2 mil colmeias em 37 propriedades. E estou ampliando: em 2018, quero estar com 2 mil colmeias", complementa.
A produção anual de Giuseppin hoje é de 25 a 30 quilos de mel por colmeia, considerada pequena pelo empresário. "Eu tenho mercado para crescer. Por isso, estou me dedicando a buscar técnicas que aumentem a produtividade de cada colmeia", afirma.