Os paranaenses começaram o ano mais endividados, conforme mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR).
Os consumidores aumentaram seus débitos, as contas em atraso e a falta de condições para pagamento. O acréscimo ocorre na comparação com janeiro de 2014, quando 84,9% das famílias possuíam algum tipo de dívida, enquanto no primeiro mês de 2015 o percentual de endividados ficou em 88,4%. Com relação a dezembro (88,6%), o indicador teve leve queda.
O número de endividados com contas em atraso foi de 27,1% em janeiro, mesmo índice registrado em dezembro. No entanto, verifica-se elevação na inadimplência na comparação com janeiro de 2014, que era de 24,7%. Também houve aumento no número de famílias que não terão condições de pagar seus compromissos financeiros na análise interanual, passando de 9,2% em janeiro de 2014 para 11% em janeiro de 2015.
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Tipo de dívida
A utilização do cartão de crédito vem crescendo ao longo dos anos e em janeiro de 2015 o percentual dos adeptos dessa modalidade também aumentou com relação ao mesmo mês do ano passado. Nesse mês de janeiro, 64,8% dos endividados escolheram comprar através do cartão, enquanto em janeiro de 2014 essa proporção era de 60%. Outros dois fortes motivos de endividamento são o financiamento de veículos (15%) e o financiamento imobiliário (10,6%).
Nível de endividamento
O nível de endividamento subiu mais de 10 pontos percentuais na comparação interanual. Em janeiro de 2015, 27,4% dos entrevistados se classificam como muito endividados, enquanto em janeiro passado, 17,1% faziam parte do grupo que considerava estar no gargalo de dívidas.
A Fecomércio PR alerta que esse aumento deve ser visto com cautela, pois nesse patamar o consumidor entende que não deve contrair mais dívidas ou deve evitar fazer novas compras, ainda que sejam à vista, o que afeta diretamente o ciclo saudável do comércio varejista.
Tempo de atraso
Dentre os consumidores com contas em atraso, 50,5% já ultrapassam 90 dias, sendo considerados inadimplentes e têm seu nome incluso nos sistemas de proteção ao crédito. O tempo médio das dívidas é de 7,4 meses e o percentual da renda comprometida é de 32,6%, sendo que 20,1% das famílias têm mais de 50% dos rendimentos já vinculado às dívidas.
O endividamento e a conjuntura econômica do país afetam o hábito de compras dos paranaenses. Outro levantamento feito pela CNC e pela Fecomércio PR mostra que a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 21,7 pontos nos últimos 12 meses, a maior queda histórica. Janeiro de 2015 traz a intenção de consumo no patamar de 129,7 pontos, enquanto em janeiro de 2014 era de 151,4 pontos. Entre as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, a diferença chega a 19,1 pontos, passando de 150,3 pontos em janeiro de 2015 para 131,2 no mesmo mês deste ano. A queda não poupou as classes mais altas, com rendimento mensal acima de R$7.000. Em janeiro do ano passado o indicador era 156,6 e em janeiro de 2015 perdeu 33,9 pontos, baixando para 122,7 pontos. O ideal é que a escala esteja acima de 100 pontos, limitada a 200 pontos.
A situação no emprego atual é definida como mais segura para 49,6% dos paranaenses e para 46,9% a perspectiva no emprego está boa e esperam algum tipo de promoção ou melhoria salarial. A situação da renda é considerada melhor para 74,3% dos entrevistados de maneira geral. Para as famílias com renda até 10 salários mínimos, o percentual é 75,1%, e de 70,4% nas classes A e B.