O pequeno município de Carlópolis (Norte Pioneiro) amanheceu ontem sob o barulho ensurdecedor dos rojões disparados por Roseli Takeuti, proprietária da lotérica que tem o mesmo nome da dona. O motivo do foguetório não foi a Copa do Mundo, mas a notícia de que um cliente do estabelecimento, possivelmente morador da cidade de 13 mil habitantes, acertou os seis números do concurso 1190 da Mega-Sena, sorteado na noite de anteontem.
O felizardo ganhador, cuja identidade ainda não é conhecida, levará R$ 9.806.336,06. Mesmo sem receber qualquer prêmio pela venda da aposta sorteada, Roseli está comemorando o resultado. ''A notícia traz fama'', resumiu ela, que espera aumentar a venda de apostas na única lotérica de Carlópolis. O prazo para retirar o prêmio, em qualquer agência da Caixa Econômica Federal, é de 90 dias. A superintendência da CEF em Londrina não informou se o dinheiro já havia sido retirado. O ganhador de Carlópolis dividirá o prêmio com um apostador de São Gonçalo do Rio Abaixo (MG).
A identidade do ganhador foi o assunto principal da cidade na manhã de ontem. ''Os gerentes de banco já estão me procurando para saber quem é a pessoa'', contou Roseli, que também não faz ideia de quem seja o apostador. ''Vai ser difícil se esconder num lugar tão pequeno, a não ser que ele se mude'', opinou.
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Especulações
O ganhador da Mega-Sena não é o único sortudo de Carlópolis. Há 22 anos, o então gerente da Copel do município, Benedito Sperandio, ganhou uma boa quantia de dinheiro na antiga quina da Loto. ''Foi no dia 6 de junho de 1988'', relembra ele, que hoje é aposentado e trabalha como taxista.
Ontem, em meio às especulações sobre o novo milionário de Carlópolis, Sperandio foi procurado para saber se tinha novamente sido contemplado. ''Mandaram até eu 'espichar' a mão para verem se não estava tremendo'', divertiu-se ele, que garante não ter tido a mesma sorte pela segunda vez.
O valor recebido pelo taxista - pago na moeda vigente na época, o Cruzado - não era tão expressivo como os mais de R$ 9 milhões que contemplarão o atual ganhador. Recebido em tempo de juros altos e inflação, o prêmio foi aplicado por dois anos, tornando-se suficente para o taxista ''ajeitar'' a vida.
''Ajudei meus cinco irmãos, construi uma boa casa, comprei um sítio, uma camioneta F-1000 usada e satisfiz meu sonho de ter um carro Del Rey zero quilômero. Não sobrou dinheiro, mas consegui triplicar meu patrimônio.'' Apesar do conforto proprocionado pelo dinheiro inesperado, Sperandio continuou levando a mesma vida. ''Me aposentei na Copel e hoje sou taxista.''
Com relação ao ganhador da Mega-Sena, ele acha que será difícil manter segredo caso continue morando em Carlópolis. ''A cidade é pequena, logo vai estar todo mundo sabendo.'' Na época em que a notícia sobre o prêmio da loto se espalhou pelo município, Sperandio foi abordado por várias pessoas que queriam empréstimo. ''Disse a eles que o dinheiro estava aplicado com prazo fixo para retirar. Meu maior medo de divulgar a notícia foi por causa do risco de assaltos.''