Mesmo no auge do período de crise financeira mundial, entre janeiro e junho, as pessoas não deixaram de comer fora de casa, apenas diminuíram os gastos, predominando o tíquete médio entre R$ 14 e R$ 25.
Até então, o segmento de ''comida barata'' sustentou o setor, cuja situação voltou a se normalizar a partir de julho. A expectativa é que neste ano o setor de food service cresça entre 8% e 10% na comparação com 2008. Para 2010, a projeção é de crescimento entre 13% e 14%.
Os dados são de Enzo Donna, consultor da área de food service, que fez palestra a empresários do setor ontem em Londrina à convite da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). ''A coisa está boa, mas só vão sobreviver aqueles que encararem o seu negócio como empresa, independente do tamanho. Isso implica, entre outras coisas, em ouvir o cliente, ter bom atendimento e uma cozinha organizada'', afirma.
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Donna trouxe projeções animadoras aos empresários, levando em conta a melhoria de renda da população e a crescente participação da mulher no mercado de trabalho. ''A mulher tem cada vez menos tempo de cozinhar e em breve empregada doméstica vai ser um luxo, assim como já acontece nos países de Primeiro Mundo'', observa.
Segundo o consultor, hoje no Brasil 57 milhões de pessoas comem fora diariamente e daqui a quatro anos serão 80 milhões. O brasileiro investe 24% do orçamento destinado à alimentação em restaurantes, lanchonetes, padarias, fast-foods, rotisserias, entre outros. A projeção é que o percentual suba para 30% em 2012. Atualmente, esse público tem o hábito de fazer apenas uma alimentação fora de casa e em 2012 deve passar a fazer duas. Isso significa que, além do almoço, o brasileiro poderá tomar café da manhã na rua com maior frequência.
''É uma tendência. Por que você acha que o MacDonald's passou a servir café da manhã há cerca de dois anos?'', avalia. Atualmente, entre as refeições feitas fora de casa no Brasil, 83% são almoço, 15% lanche da tarde, 14% jantar e 13% café da manhã. O Paraná é o quinto estado do Brasil que mais gasta com estas refeições, registrando R$ 4,3 bilhões ao ano, segundo dados do Censo de 2006. ''Neste sentido, não temos números mais recentes, mas sabemos que os paranaenese fazem na rua as refeições mais formais, como almoço e jantar. Diferente do Sudeste, onde predomina o hábito dos fast-foods'', afirma.
Donna afirma que o mercado da alimentação fora de casa cresce no mundo todo. Ele observa que nos Estados Unidos o mercado de food service é maior do que o de supermercado. No Brasil, segundo o consultor, este segmento cresce três vezes acima do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2002. Em relação ao faturamento do setor, os restaurantes estão em primeiro lugar, com 23%, e na sequência aparecem as padarias (15%), os bares e lanchonetes (13%) e as redes de fast food (12%).
Nos últimos anos, conforme Donna, as padarias registraram crescimento importante, já que passaram a incluir refeições. ''Dos 44 milhões de pessoas que vão diariamente às padarias no Brasil, 7 milhões entram para comer e não só para comprar pão'', contextualiza. Outro segmento de ganha força sãos as rotisserias dentro de supermercados. ''Essa seção de pratos prontos é altamente rentável para o supermercado e já corresponde a 6% do faturamento do setor. Cada vez mais, as pessoas optam pela comida já preparada, principalmente depois do expediente'', diz.