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Meio ambiente

ONGs prevêem perdas com sementes transgênicas

Redação Bonde
22 mar 2006 às 18:00

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A campanha contra as sementes suicidas (ou terminators), que tem o apoio de 450 organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais do mundo inteiro, divulgou nesta quarta-feira as estimativas de prejuízo que alguns países subdesenvolvidos teriam se as sementes estéreis fossem liberadas para o mercado.

"Pegamos dado da FAO [Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura], de ministérios da Agricultura, de universidades e de associações de agricultores", explicou uma das coordenadoras da ONG gaúcha Centro Ecológico, Maria José Guazzelli. "No Brasil, o prejuízo seria de R$ 866 milhões, se considerarmos apenas a soja."

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Esse cálculo tomou como base o dado de que a área total plantada com soja no país é de 22 milhões de hectares, dos quais 70% são cultivados por agricultores familiares (que usam sementes guardadas por eles).

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Na Argentina, onde 70% dos 14 milhões de hectares de soja também são cultivadas pelas chamadas sementes criolas, o prejuízo seria de R$ 588 milhões. No Paquistão, seria de R$ 406 milhões com o trigo e R$ 70 milhões com o algodão; nas Filipinas, de R$ 366 milhões, e no Irã, de R$ 72 milhões, ambos relativos à cultura de arroz. O uso de sementes suicidas nas plantações de trigo significaria um gasto extra de R$ 140 milhões na Etiópia e R$ 181 milhões no Canadá.

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As chamadas sementes suicidas são conhecidas pela sigla Gurts (em inglês, Genetic Use Restriction Technologies). Em português, a tradução seria tecnologias genéticas de restrição de uso. "Elas são, sim, organismos geneticamente modificados [transgênicos]", afirmou Guazzelli. "O pequeno agricultor guarda parte das sementes para a safra seguinte. Mas as terminators se auto-destróem. Então o produtor vai plantar uma coisa que não nasce. Por isso que elas são mais que sementes suicidas: são sementes homicidas."


Uma das grandes decisões da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8) será pela manutenção ou não da determinação da COP-5 (realizada em 2000) que recomendava aos países signatários que não permitissem a comercialização nem pesquisas de campo com sementes transgênicas. Em fevereiro deste ano, um grupo permanente de trabalho da Convenção sobre Diversidade (CDB), que se reuniu na Espanha, produziu um relatório sugerindo a análise "caso a caso" dos pedidos de autorização para plantações experimentais com terminators.

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Desde terça-feira, esse relatório está sendo discutido pelos 3.290 participantes da COP-8, representantes de 173 países (o total de signatários da CDB, entretanto, é de 187 países, além da Comunidade Européia). "Ainda não há consenso sobre o tema", declarou o porta-voz do secretariado da CDB, David Ainsworth.


O Brasil, ao lado da Noruega, lidera o grupo de países favoráveis à manutenção da proibição. A Nova Zelândia tem falado em nome daqueles que defendem a liberação "caso a caso".

Agência Brasil


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