Com as discussões políticas dominando a pauta do Congresso e do Planalto, a avaliação de especialistas em Nova York e em Londres é que qualquer possibilidade de avanço em medidas que melhorem as contas fiscais do Brasil e outras reformas econômicas se reduz consideravelmente. Por isso, se a expectativa da entrada de um presidente mais "amigável ao mercado" ajuda a valorizar o real e a reduzir os prêmios de risco dos bônus brasileiros, a avaliação é que os problemas de médio e longo prazo do País permanecem desafiadores.
Para Mario Robles, analista da Nomura em Nova York, o aumento da percepção da saída de Dilma após os eventos de ontem, com o ex-presidente Lula sendo levado para depor na Polícia Federal, ainda vão permitir melhora no curto prazo para os preços dos ativos brasileiros. Mas, após a euforia inicial, o tom é de preocupação.
Em Londres, o diretor da gestora especializada em mercados emergentes EM Funding, Wilber Colmerauer, avalia que os recentes desdobramentos da operação Lava Jato aumentam a chance de um processo de impeachment de Dilma. O gestor reconhece que essa perspectiva é bem-recebida pelos investidores. Porém, lembra que eventual processo seria lento e provavelmente geraria ainda mais incerteza no mercado.
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Por isso, acha que a recuperação dos ativos brasileiros é pontual. "Tínhamos uma base muito baixa e estamos observando um ajuste de preços. Mas, efetivamente, não estamos nos recuperando. Só voltamos um pouco da queda acumulada nos últimos anos. Isso porque os problemas não foram resolvidos."
Os analistas do banco de investimento Brow Brothers Harriman (BBH) em Nova York avaliam que o aumento da percepção de que, não só Dilma pode mesmo cair, mas que os planos de Luiz Inácio Lula da Silva para 2018 podem estar sepultados, provocou verdadeira euforia no mercado. Mas os analistas do banco alertam que o cenário no Brasil ainda permanece uma "bagunça".
Colmerauer lembra que o enfraquecimento do processo de impeachment visto no fim de 2015 levou boa parte do mercado a prever mudança no executivo apenas em 2018. "Mas, agora, esse horizonte pode ser mais curto." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo