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Privatização

Para reduzir dívidas, Estados poderão ceder empresas estatais para a União

Agência Estado
24 fev 2016 às 09:04

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- Divulgação
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O plano de socorro aos Estados, que o governo vai enviar ao Congresso Nacional como parte das medidas de reforma fiscal para reequilibrar as contas do setor público, abrirá a possibilidade de federalização de empresas estatais estaduais. Elas serão aceitas pela União e depois privatizadas.

"Cada Estado vai apresentar a empresa que acreditar que é interessante se desfazer em troca de uma redução no fluxo de pagamento de dívidas", informou ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário do Tesouro Nacional, Otavio Ladeira. Segundo ele, as empresas de distribuição de gás são candidatas a entrar na lista. Também serão aceitas participações acionárias dos Estados em empresas.

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O resultado obtido com a alienação dos ativos será aplicado, como redutor, nas prestações mensais da dívida que eles têm com a União ao longo dos cinco anos seguintes à venda.

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Na primeira grande renegociação das dívidas dos Estados, em 1997, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, também foram aceitas empresas estatais, como os bancos públicos, por exemplo.

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Para o secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, Renato Villela, a possibilidade de a União aceitar as empresas como parte dos pagamentos é positiva, porque melhora o fluxo de caixa dos Estados. "Mas é preciso conhecer os detalhes", disse. Segundo ele, o Estado tem interesse e está estudando alternativas. Mas preferiu não citar o nome de que empresa poderia ser envolvida.


"A ideia é boa, mas, infelizmente, não sei se há condições de se reproduzir a mesma estratégia de duas décadas atrás", disse o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas, José Roberto Afonso.

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Para ele, pouca gente atentou para o fato de que a rolagem estadual de dívidas após o Plano Real foi um processo vinculado à desestatização, no âmbito estadual e nacional. "É um processo que exige vontade política, competência técnica e condições econômicas diferenciadas. Não sinto que as mesmas condições estejam postas hoje", disse.


Prazos

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No projeto atual, que altera a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e será encaminhado ao Congresso no final do março, o governo se propõe a alongar o pagamento da dívida dos Estados com a União em mais 20 anos. O prazo dos empréstimos contratados no BNDES pelos Estados poderá ser alongado em até 10 anos. A expectativa é de redução nos pagamentos que pode chegar a R$ 36 bilhões nos próximos três anos.


Ladeira disse que o plano é positivo porque vai ajudar a melhorar o fluxo de caixa dos governadores neste momento de crise econômica, sem que haja subsídio adicional do Tesouro Nacional na operação, já que as condições de juros dos contratos serão mantidas.

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Segundo o secretário, o BNDES não receberá nenhum tipo de ajuda financeira do Tesouro para fazer essa renegociação com os governadores. Ele destacou ainda que a medida exige contrapartidas dos Estados que quiserem aderir à renegociação. "Não há perdão da dívida", enfatizou o secretário em defesa do projeto, que foi recebido com desconfiança pelos analistas do mercado financeiro.


A maior preocupação dos economistas com a medida, que abre espaço para que os governadores aumentem seus gastos, é com o seu impacto negativo para o cumprimento na meta de superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida pública) dos Estados e municípios em 2016 e nos próximos anos.

Para este ano, a meta para os governos regionais é de um superávit primário de R$ 6,5 bilhões. Dependendo da redução dos pagamentos dos Estados com a renegociação da dívida, a meta pode ficar comprometida e até mesmo o resultado ser deficitário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.<


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