O Paraná é o quinto Estado brasileiro em exportações, ficando atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. ''Antes ocupávamos a quarta posição, perdida por conta da crise do agronegócio em 2004-2006 e da deficiente infraestrutura portuária'', analisa o economista Gilmar Lourenço, coordenador do curso de economia da FAE - Centro Universitário, de Curitiba.
As exportações paranaenses no período janeiro-julho de 2010 (US$ 7,9 bilhões) representam 7,4% do valor total exportado pelo Brasil, contra 8,1% no mesmo período de 2009, conforme o economista. Segundo Lourenço, enquanto as exportações brasileiras cresceram 27,1% nesse período, impulsionadas por minério de ferro, as vendas paranaenses ao exterior aumentaram 15,5%, puxadas pelo complexo automotivo, soja e carnes.
Na opinião do economista, a crise econômica mundial ''atingiu em cheio'' os principais motores da economia do Paraná, especialmente o agronegócio e a indústria automotiva. ''Apesar da reação verificada no segundo semestre de 2009 e começo de 2010, as feridas deixadas pelo choque externo ainda não cicatrizaram, em razão da ainda fraca demanda mundial por manufaturados e da não recuperação plena dos preços dos produtos básicos'', contextualiza.
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Ritmo de recuperação
As exportações acumuladas nos primeiros sete meses deste ano no Paraná atingiram US$ 7,8 bilhões, volume 15,50% superior ao do mesmo período do ano passado. Já as importações nestes mesmos meses somaram US$ 7,1 bilhões, 48,66% acima a igual período de 2009. Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), levantados pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), mostram que o ritmo das exportações ainda sente os reflexos da crise econômica mundial. Por outro lado, as importações crescem a passos largos para atender a explosão de consumo no Brasil.
''A expansão do crédito, nunca vista antes no Brasil, foi superior à capacidade produtiva interna. Isto tem alterado as estruturas da importação, que vem assumindo função específica de bens de consumo. Importamos uma profusão de produtos, desde avião até alfinete'', contextualiza Maurílio Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Fiep. Ele destaca, porém, que a importação dos bens de capital também tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionada principalmente pelo dólar baixo.
Em relação à exportação, o ''complexo soja'' ocupa a primeira posição no valor exportado nos sete primeiros meses de 2010, com uma participação de 30,66%, mas queda de 2,80% em relação ao mesmo período do ano passado. Na sequência vem material de transporte, com 14,92% de participação e aumento de 53,93% na comparação com 2009; e carnes (participação de 13,76% e expansão de 15,80%).
Principais produtos
Segundo o estudo da Fiep, os quatro principais e tradicionais grupos de produtos exportados pelo Estado (soja, material de transporte, carnes e madeira) somam participação de 64% do total de exportações e todos demonstram ''tendência de início de recuperação''. O estudo aponta ainda que dois novos grupos vêm ganhando espaço: açúcares e preparações alimentícias, que juntos representam mais de 9% das exportações.
Conforme Maurílio Schmitt, causa preocupação o fato de o Paraná passar a ser principalmente exportador de matéria-prima: os produtos manufaturados que chegaram a representar 57,41% das exportações em 2006, atingiram 42,06% em 2009, perdendo a liderança para os produtos básicos, que saltaram de 29,30% em 2006 para 44,42% em 2009.
''Estamos gerando matérias-primas para serem utilizadas nos países de destino como fonte de geração de emprego e renda lá, quando isso poderia estar acontecendo com maior intensidade aqui'', pondera Schmitt. Para o Brasil passar a agregar valor a esses produtos no mercado interno, o coordenador da Fiep observa a necessidade de políticas públicas eficientes.
Fluxo de comércio
No fluxo de comércio (exportações mais importações), a China superou a Argentina como principal parceiro comercial do Paraná, com 17,37% de participação no total de negócios de janeiro a julho deste ano. A Argentina aparece na segunda posição (10,95% de participação), a Alemanha em terceiro lugar (com 7,44%), a Nigéria em quarto (com 5,88%), e os Estados Unidos em quinto (com 5,35%).
Já no ranking dos países dos quais o Paraná importa, a China ocupa o primeiro lugar, com aumento de 56,01% em relação os sete primeiros meses de 2009. Em segundo vem Nigéria, com crescimento de 34,13% pela importação de petróleo; em terceiro a Argentina, com expansão de 19,57%; em quarto a Alemanha (35,48%) e em quinto os Estados Unidos (46,50%).
Entre os principais grupos de produtos importados estão material de transporte, que representa 17,96% do total de importação; petróleo e derivados (16,37%), produtos químicos (16,02%), mecânica (14,27%) e materiais elétricos e eletrônicos (10,81%).