O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou hoje que o Brasil já saiu da crise financeira internacional. Segundo ele, "todo mundo já reconhece isso". Ele, no entanto, afirmou, em discurso durante abertura do 7º Congresso Internacional Brasil Competitivo, que ainda há muita coisa a ser feita. Bernardo contou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou que fosse feita uma reavaliação, setor por setor, para saber quem está bem e qual setor ainda precisa de uma maior interlocução com o governo ou, quem sabe, de novas ações para que o Brasil possa retomar o rumo do crescimento.
O ministro disse que o governo está otimista. Segundo ele, o País já conseguiu um rumo ao realizar reformas importantes e fazer o controle da inflação que, segundo ele, é o pano de fundo do crescimento brasileiro, além de retomar o crescimento econômico, combinado com políticas sociais.
De acordo com Bernardo, graças a essas políticas, o mercado interno se transformou no propulsor do crescimento. Ele lembrou que, em 2007, o País cresceu 5,7% e que, em 2008, mesmo com a crise no final do ano, teve uma expansão de 5,1%. Bernardo disse que o Brasil foi "arrastado para a crise", mas que o governo entendia que o Brasil tinha, desta vez, condições diferentes para enfrentar a situação, ao contrário das anteriores. "O Brasil foi praticamente um dos últimos países grandes a sentir os efeitos (da crise)", disse.
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Ele afirmou que o Brasil terá poucas sequelas do ponto de vista fiscal. O ministro lembrou que o governo teve que reduzir, neste ano, a meta de superávit fiscal para estimular a economia. Ele admitiu ainda que a relação dívida/PIB deverá crescer de 38% no ano passado para algo entre 40% e 41% neste ano. Mas, segundo o ministro, esse é um "preço relativamente pequeno para a nossa economia sair desse torvelinho".
Bernardo disse que a economia deve voltar a crescer no segundo semestre e, a partir do próximo ano, deve retomar níveis de crescimento de 4,5% a 5%, o que deve permitir que o Brasil retome as metas de superávit primário dos últimos anos e uma trajetória declinante da dívida brasileira. "Não está tudo resolvido. O governo tem sido compensado com um bom índice de aprovação, mas ainda há muita coisa a ser feita", disse o ministro, para quem a gestão ainda é um grande desafio.
Investimentos
Bernardo informou ainda, durante a abertura do congresso, que o governo prepara uma nova carteira de investimentos em infraestrutura para ser "tocada" a partir de 2011. Embora o governo Lula já tenha acabado, o ministro disse que o "Estado vai continuar" e que "o governo quer deixar para o próximo presidente a opção de realizar esses investimentos".
Paulo Bernardo explicou que como a maioria dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) termina em 2010, o governo quer deixar preparado para serem iniciados outros projetos importantes que não estão incluídos no PAC. Bernardo explicou que quando o governo decidiu realizar o PAC descobriu que os Estados e municípios não tinham projetos e que eles precisaram de um ano e meio a dois anos para apresentar projetos e resolver questões como licença ambiental e regularização fundiária. Com isso, disse o ministro, o governo federal pode fazer um acúmulo de experiência.
Segundo Paulo Bernardo, o governo está otimista e acredita que o Brasil se tornou um polo de atração de investimentos. Bernardo disse que as empresas internacionais "achavam que precisavam ter um pé na China, mas agora, cada vez mais, as empresas vão descobrir que precisam ter um pé no Brasil". Bernardo lembrou que o País "tem regras estáveis, inflação sob controle, responsabilidade fiscal e uma grande democracia", elementos que, segundo ele, dão previsibilidade aos investimentos.