Preparar-se para atender o mercado externo é a preocupação de grande parte das empresas de desenvolvimento de softwares. O Paraná tem hoje 1,7 mil empresas no segmento - o que representa 7,6% do montante no Brasil -, que empregam cerca de 19 mil funcionários, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro) - regional Paraná. Segundo a entidade - que não tem dados atualizados sobre o faturamento do setor - 10% já exportam e o principal mercado é a América do Sul. Como a maioria é de pequeno porte, a formação de consórcio tem sido a estratégia utilizada por alguns empresários para abrir novos mercados.
É o caso das empresas CINQ Technologies, ESAT e TechResult, de Curitiba, e a DB1, de Maringá, que agruparam suas potencialidades no Consórcio Curitiba Global IT, de olho na Ásia. O objetivo é prestar serviços de consultoria e desenvolvimento de software para países daquela região.
A oportunidade veio a partir de um potencial cliente do Japão, do segmento de seguros, que demandava uma gama de serviço de Tecnologia da Informação (TI) que uma empresa apenas (TechResult) não conseguiria atender. Surgiu, então, a idéia de buscar parcerias, formando o consórcio. Foi o ponto de partida para juntar o que cada uma das empresas envolvidas tinha de melhor para atender especificamente as demandas asiáticas.
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Com a união, as empresas compartilham agora um maior número de profissionais e expertise em várias tecnologias. E a expectativa é que a competitividade também cresça. ''O consórcio representa uma união de forças. São empresas que se complementam para atender as exigências do cliente'', diz Carlos Alberto Jayme, sócio-proprietário da CINQ Technologies. ''Várias empresas de software do Paraná já são exportadoras. Outros consórcios poderão acontecer'', complementa Edson Althoff, também sócio-proprietário da empresa, que atua no área de software para seguradoras e já exporta para América do Norte, América do Sul e América Latina.
Segundo os diretores, este é o primeiro consórcio formado dentro do Curitiba Offshore Center, criado há cerca de um ano, envolvendo 16 empresas. ''O Offshore Center é um agrupamento de empresas visando abrir mercado externo. É uma iniciativa perene, não existe nada formal entre as empresas, diferente do consórcio'', explica Althoff.
Três das empresas envolvidas no consórcio participarão na semana que vem - entre os dias 10 e 12 - de um evento na Índia, o India Soft. Segundo os diretores, apesar de o evento não estar diretamente relacionado ao consórcio, será uma importante oportunidade de atuação conjunta, análise de mercado e, principalmente, de network.
Londrina
Segundo o Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação de Londrina, a região que abrange de Cornélio Procópio até Apucarana possui 137 empresas ligadas ao setor, sendo que a maioria é produtora de software. Em todo o Estado, são seis APLs na área de TI (Londrina, Maringá, Curitiba, Ponta Grossa, e regiões Sudeste e Oeste). As entidades envolvem iniciativa privada, entidades de classe, poder público e instituições de ensino. O objetivo é fomentar os setores nas diferentes regiões, por meio de discussões, troca de informações e cursos.
Na região de Londrina, apenas três empresas ligadas ao APL já exportam, conforme o presidente da entidade, João Carlos Monteiro. Ele diz, porém, que desconhece a formação de consórcio na região com objetivo de exportar. Monteiro aponta que muitos têm a intenção de ganhar o mercado internacional e a associação de empresas seria uma das estratégias para isso.
''Os empresários já estão despertando para esses consórcios ou joint ventures como forma de conquistar novos mercados. Essa é uma discussão que deve ganhar força daqui para a frente. Mesmo tendo concorrência, as empresas (quando se associam) podem ser complementares'', diz. ''Hoje, com a globalização, muitas vezes a empresa é levada a exportar por causa do seu cliente''.