O comércio começa a fazer o movimento inverso de sua trajetória das últimas duas décadas, quando super e hipermercados se multiplicaram pelas médias e grandes cidades, acabando com muitos pequenos comerciantes. Um dos reflexos desta situação é o desempenho do setor atacadista e distribuidor, que passou o ano de 2009 sem sentir os efeitos da crise.
''Numa situação de crise, o segmento é o último a entrar e o primeiro a sair'', disse, ontem, o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Paraná (SincaPr), Paulo Hermínio Pennacchi. Ele conversou com a imprensa ontem durante a abertura de dois eventos que acontecem em Curitiba até quinta-feira: a 30 Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, organizada pela Abad, e a 13 Feira Sweet Brazil Internacional, promovida pela Associação Brasileira das Indústrias de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
De acordo com o ranking Abad/Nielsen, pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Atacadista e Distribuidores (Abad) e pela Nielsen Consultoria, o atacado distribuidor brasileiro apresentou, no ano passado crescimento real de 4,1% em relação a 2008. O faturamento foi de R$ 131,8 bilhões, R$ 11 bilhões a mais do que no ano anterior. A expectativa, segundo o presidente da Abad, Carlos Eduardo Severini, é de crescimento de mais 6% este ano.
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No Paraná, quarto maior centro atacadista do País, o faturamento em 2009 foi de R$ 13 bilhões. A pesquisa foi feita com 391 maiores empresas atacadistas distribuidoras do País.
Pennacchi explica que em pelo menos 4.300 municípios do País, que têm menos de 500 mil habitantes, é o atacado quem distribui as mercadorias, pois a indústria não chega a estas cidades. Há cinco anos, a participação do atacado nas vendas em todo País mantêm-se acima dos 50%. Mesmo nas grandes cidades, a participação do atacado, segundo ele, é grande. ''O pequeno comércio está crescendo, porque as pessoas estão preferindo as lojas de vizinhança (mercadinhos), que são mais perto, não têm problema de estacionamento, têm mais variedade de produtos'', diz.
Segundo dados da Abad, o segmento atacadista movimenta cerca de 5% do PIB nacional e é responsável pelo abastecimento de 1 milhão de pontos de venda no Brasil, sendo 100 mil pontos no Paraná. Segundo a Nielsen, 95% dos pequenos supermercados (com até quatro caixas) e 40% dos médios (com cinco a 19 caixas) são abastecidos por atacadistas distribuidoras. E o pequeno e médio varejo são os que mais atendem os consumidores das classes C, D e E, faixa da população que apresenta maior crescimento no poder de compra e vem mudando o perfil de consumo do País.
Indústria de doces espera crescimento de 15%
A indústria de chocolate, balas, amendoim e doces espera para este ano um crescimento de 15% no setor de balas e 10% no setor de chocolates, em função do maior poder aquisitivo da população. Para atender esta demanda o setor está investindo US$ 348 milhões neste ano em novas fábricas, capacidade e aumento de produção.
O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Chocolate, cacau, Amendoim, Balas e Derivados, Getúlio Ursulino Netto, na abertura da 13% Feira Sweet Brazil Internacional, maior feira do setor, que está sendo realizada no Expotrade, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A feira reúne cerca de 240 expositores e a expectativa é receber 32 mil visitantes do Brasil e do exterior.
O Brasil é o terceiro produtor mundial de chocolates, perdendo apenas para Estados Unidos e Alemanha, e o 4º produtor mundial de balas e confeitos, tendo à sua frente os Estados Unidos, China e Alemanha. Os principais países clientes do Brasil são a Argentina e os Estados Unidos. Em 2009, os Estados Unidos importaram US$ 40,6 milhões em confectionery (balas, gomas de mascar, chocolates e amendoim) brasileiro, seguido da Argentina, que importou US$ 34 milhões. Na feira, além do atendimento dos atacadistas e distribuidores do Brasil, haverá, como em anos anteriores, uma missão de 30 compradores argentinos e norte-americanos.