Pesquisa com 301 líderes empresarias de 27 segmentos da indústria, comércio e serviços - sendo que 41% dessas companhias têm faturamento anual superior a R$ 1 bilhão - mostra que eles estão pessimistas com o cenário atual e uma melhora mais firme só deve vir em 2017. O estudo, elaborado pela Associação de Ex-Alunos da Fundação Getulio Vargas (exGV) e divulgado no Fórum Leader Thinking, promovido também por aquele grupo, mostra que entre os principais entraves observados estão a queda na confiança e poder aquisitivo dos consumidores, as ações governamentais, inflação, câmbio e crise hídrica e energética.
O índice geral ficou em 43 pontos, em uma escala que vai de zero a 100 pontos. O pessimismo em relação ao nível de emprego chega a 46% dos entrevistados, patamar semelhante à expectativa de impacto negativo das condições de poder aquisitivo (46%) e confiança do consumidor (47%). No caso das ações governamentais, a previsão é de efeito adverso geral na economia (63%), no segmento de atuação dos executivos (51%) e em razão do ajuste econômico fiscal (51%).
A pesquisa mostra ainda que 61% dos empresários acreditam que a inflação terá impacto negativo, enquanto no caso da variação cambial esse nível é de 58%. As crises hídrica (58%) e energética (60%) também são vistas como um grave obstáculo. Um dado que deixa claro que a culpa do pessimismo se deve a fatores domésticos é que, quando a empresa tem sede no exterior, 6% dos empresários se mostram pessimistas e 13% otimistas. Nas companhias brasileiras, o pessimismo é de 26%, ante otimismo de 5%.
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"A origem da crise é, sem dúvida, doméstica. Poucos executivos de multinacionais creditam problemas nas matrizes como causa dos problemas que as filiais que administram estão enfrentando em 2015. Ao contrário, são significativas as menções aos problemas internos, como as ações do governo e seus impactos na confiança e no poder aquisitivo do consumidor", diz Paulo Cesar Rovai, um dos organizadores do Fórum.
Em relação ao cenário externo, os executivos estão mais animados com os Estados Unidos, para o qual o nível de otimismo chega a 18% dos entrevistados. Na sequência aparecem China (5%), Europa (5%) e Índia (2%).
2017
Para este ano, 28% dos entrevistados estão pessimistas em relação ao crescimento do seu segmento, contra 20% de otimistas. Em relação a 2016, a comparação melhora um pouco, com 13% esperando impactos negativos e 18% positivos. Mas um avanço mais firme mesmo só é esperado para 2017, com 6% de pessimismo e 29% de otimismo.
Ele aponta que os entrevistados tiveram visões bastante diferentes sobre o tamanho e a duração da crise. Um executivo-chefe de uma empresa de energia, por exemplo, apontou que "não há crise que sempre dure". "Já atravessei várias e vou atravessar outras. O desafio é sair melhor posicionado do que se entrou. É nas curvas, não nas retas, que se ganha uma corrida", comentou esse CEO nas entrevistas para a pesquisa.