A Petrobras estuda reduzir os preços de combustíveis para evitar a concorrência com outras distribuidoras. Fontes próximas à companhia informaram que a petroleira tem calculado e analisado cenários possíveis diante da movimentação de empresas interessadas em importar e revender combustível no País.
Com o baixo preço internacional do petróleo, distribuidoras têm se mobilizado para aproveitar o cenário doméstico favorável e competir em preço com a estatal.
Até o momento, entretanto, não há uma decisão final. O tema tem sido discutido entre diretores executivos da companhia, e também foi levado ao Conselho de Administração, embora uma decisão dependa também do governo federal.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Para a Petrobras, a opção de rebaixar os preços seria uma estratégia para "proteger a posição de mercado". "A Petrobras não pode manter o preço muito acima do mercado internacional por muito tempo pois já tem empresas se movimentando, em termos de logística, para aproveitar a oportunidade de importação", informou uma fonte ligada à empresa.
Com a queda acumulada no preço internacional do petróleo desde o início de outubro, e após o reajuste de combustíveis, em novembro, a gasolina vendida no País está com preço até 60% superior ao de mercados internacionais, como o do Golfo do México. O diesel está até 40% mais caro, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie).
Logo após o reajuste, distribuidoras deram os primeiros sinais de que poderiam forçar uma competição de preços com a estatal, importando combustível e repassando a diferença ao consumidor. Atualmente, a Petrobras, por meio da subsidiária BR Distribuidora, concentra uma fatia de cerca de 40% do mercado de distribuição de combustíveis no País.
Na avaliação do presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, ainda que a redução do preço seja confirmada, dificilmente haverá impacto para o consumidor final.
Isso porque a retomada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) é tida como certa na nova política econômica do governo. O tributo foi zerado em 2012, para que a Petrobras pudesse reajustar os seus preços sem gerar impacto nos orçamentos das famílias e na inflação.
"A Cide incide tanto para os combustíveis produzidos no País quanto para produtos importados. Com a sua retomada e queda de preço na refinaria, preços internos e externos poderiam se equiparar e a arrecadação do governo federal aumentaria", afirmou o representante das distribuidoras.
A redução dos preços dos combustível, entretanto, dificultaria a recuperação do caixa da Petrobras. A companhia passou os últimos três anos com uma grande defasagem no preço interno em relação ao mercado internacional, onde a cotação do petróleo se manteve por um longo período acima de US$ 100. Ainda assim, ela represou reajustes para ajudar o governo a conter a inflação.
Agora, com a cotação por volta de US$ 50, a estatal tem conseguido recuperar o caixa. Esse fôlego ajuda a companhia a tocar suas operações em um momento de fragilidade, de constrangimento financeiro e dificuldade de acesso ao crédito, após adiar duas vezes a publicação do seu balanço trimestral.
Pré-sal
Nem mesmo a queda do preço do barril, no entanto, é capaz de abalar a intenção da Petrobras de avançar sobre o pré-sal. Em nota oficial, para afastar rumores de que o projeto é inviável, a estatal reiterou que até com o barril a US$ 45 o pré-sal é um bom negócio.
Além disso, argumenta que os poços estão se mostrando altamente produtivos e que, junto com o petróleo, caem também os custos de produtos e serviços da indústria.