Pressionadas pela queda contínua da receita média dos usuários, as empresas de telefonia móvel vêm aumentando esforços para incentivar, entre clientes com plano pré-pago, o consumo de serviços de maior valor adicionado. O desafio das operadoras se torna ainda mais evidente diante da necessidade de investimentos de peso para os próximos anos. Para este ano, as estimativas são de, pelo menos, R$ 10 bilhões.
Os chamados Serviços de Valor Agregado (SVA) incluem torpedos SMS, internet 3G, download de música, jogos, entre outros. Para as operadoras, quanto maior o uso destes serviços melhor, uma vez que a receita destes produtos é superior ao da obtida com o serviço de voz.
"As operadoras demoraram a perceber que estavam ignorando ou tratando com pouca atenção o seu maior cliente, o pré-pago. Agora, estão mais atentas porque precisam aumentar receita", avalia o analista de telecomunicações da consultoria IDC, Vinícius Caetano.
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De acordo com dados de abril da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os clientes pré-pagos já representam 81,6% da base total de clientes de telefonia móvel. "Pela amplitude de sua participação, o pré-pago deixou de ser um serviço apenas para classes C e D. Hoje, ele atinge todas as classes sociais", acrescenta Luciana Leocádio, analista da Ativa Corretora.
Primeira a lançar o serviço de banda larga 3G pré-paga, a TIM reconhece o desafio. "Temos investimentos pesados para os próximos anos e sabemos que temos que reverter a queda na receita. Neste contexto, o cliente pré-pago é um dos nossos focos", afirma o diretor de Serviços Adicionados da operadora, Alexandre Buono.
A empresa se diz satisfeita com o retorno do produto. Entre março, mês de lançamento, e maio deste ano, 15% das novas adesões ao serviço foram feitas pela modalidade pré-paga.
Outro serviço desenvolvido especialmente para a base pré-pago foi posto no mercado há algumas semanas pela Vivo. Trata-se de um cartão para o envio de SMS. Por R$ 10, o cliente pode enviar 100 torpedos.
Para se aproximar mais deste público, a companhia, até pouco tempo apontada pelo mercado como mais elitizada, vem adaptando sua linguagem publicitária nas mais variadas mídias.
A explosão da banda larga decepcionou as expectativas iniciais de muitas operadoras. Há alguns anos, o discurso era de que o pré-pago poderia ser a porta de entrada para o serviço pós-pago. O mercado ditou um movimento totalmente contrário. Hoje, os clientes pós-pagos são poucos e disputados por unhas e dentes pelas empresas.
Os balanços financeiros referentes ao primeiro trimestre deste ano mostram que a receita média por usuário (conhecida como ARPU) caiu até 12% no setor. Levantamento feito pela consultoria Teleco mostra que a receita média das quatro maiores empresas do setor (Oi/BRT, Vivo, Claro e TIM) passou de R$ 27,50 no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 25,10 neste ano, um recuo de 9,5%.
"A situação se torna preocupante porque o setor de telefonia é auto-intensivo em capital. Não dá para garantir este ritmo apenas com o pós-pago usando os SVA", destaca Eduardo Tude, presidente da Teleco. Ele lembra que, além das exigências contratuais com a Anatel, o investimento em tecnologia não pode parar. "E são montantes vultosos", acrescenta.