Dados da economia mostram que o mercado da construção civil no Paraná quase não foi atingido pela crise econômica e está tendo um excelente ano em 2009. Segundo o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Estado do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, um dos motivos foi a migração de investidores de outras aplicações mais ''instáveis'', para o mercado imobiliário. ''O governo viu que o setor alavancava e lançou vários pacotes no sentido de facilitar para o cliente'', argumenta outra razão.
No entanto, o que é bom para o mercado em si pode não ser uma notícia tão boa para o consumidor. Depois de cinco anos de preços estagnados, os valores dos imóveis não pararam de subir desde 2004. Somente entre 2008 e 2009, o aumento nos preços ficou entre 15% e 16%. E para o próximo ano a alta deve ser ainda maior: 18%. Mas, para Selig, trata-se ainda de uma correção dos valores defasados. ''Curitiba ainda é a capital com imóvel mais barato no Brasil''. No ano passado, a cidade ficou em 58 lugar no ranking de preços de todas as cidades brasileiras.
Os dados foram apresentados na abertura da Feira de Imóveis do Paraná 2009, que termina amanhã em Curitiba. Com a oferta de 15 mil unidades na Capital, interior e litoral de Santa Catarina, a estimativa era de que R$ 40 milhões em negócios fossem fechados nos cinco dias de evento. Os preços variam entre R$ 62 mil a R$ 1,8 milhão. Setenta e cinco por cento das casas e apartamentos oferecidos pelos expositores estão na Capital e região, 15% no Litoral de Santa Catarina e o restante no interior do Estado.
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Outra tendência de mercado observada pelo presidente da Ademi-PR é a maior procura de imóveis na planta por investidores. Há dois anos, cerca de 10% das unidades oferecidas no pré-lançamento de um empreendimento eram adquiridos por investidores. Hoje chega um quarto do total. O motivo seria a valorização ainda maior que os imóveis na planta podem ter, em torno de 20%. Quase metade dos empreendimentos têm sido vendidos ainda na fase de pré-lançamento e raramente ainda sobram unidades com a construtora depois de finalizadas as obras.
Esses fatores ajudam ainda mais a alavancar os valores. Selig não acredita que maiores facilidades de crédito, como o programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal - que irá aumentar o valor máximo dos imóveis para R$ 150 mil - contribuam para a supervalorização dos preços. ''Acho apenas que abre mais o leque de opções de produtos. A médio prazo, pode ter algum impacto nos valores. Mas o aumento de preços é um processo natural'', explica.