As projeções do mercado financeiro para a inflação do ano que vem caíram pela quinta semana consecutiva no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 8, pelo Banco Central (BC). Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, as estimativas também mostraram leve recuo. De acordo com o documento, a mediana para 2017 saiu de 5,20% para 5,14%. Há um mês estava em 5,40%.
Já para 2016, a mediana passou de 7,21% para 7,20% de uma semana para outra - a taxa estava em 7,26% quatro semanas atrás. A meta de inflação deste e do próximo ano é de 4,50%, com tolerância de 2 pontos porcentuais em 2016 e de 1,5 ponto porcentual em 2017 e em 2018.
No comunicado do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) e na ata da reunião, o BC informou que, pelo cenário de referência, que pressupõe a Selic (a taxa básica de juros) inalterada em 14,25% ao ano e um dólar a R$ 3,25, as projeções apontam para uma inflação em torno da meta de 4,5% já em 2017. No cenário de mercado, que utiliza as trajetórias para os juros e o câmbio apuradas na pesquisa Focus, a inflação projetada para 2017 está em torno de 5,3%.
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Na semana passada, em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reiterou o compromisso de conduzir a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2017. Segundo ele, esta meta é "desafiadora e crível".
Para 2016, a ata do Copom indicou que as projeções, tanto no cenário de referência quanto no de mercado, apontam para uma inflação em torno de 6,75%.
Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano no relatório Focus passaram de 7,16% para 7,20%. Para 2017, permaneceram em 4,97%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 7,18% e 5,39%.
Já a inflação suavizada 12 meses à frente voltou a ceder, passando de 5,55% para 5,48% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,83%. Estas reduções para prazos mais longos ocorrem apesar de as estimativas para os índices mensais mais próximos ainda estarem resilientes: as de julho passaram de 0,41% para 0,42% (quatro semanas antes estavam em 0,40%). Para agosto, seguiram em 0,30%, sendo que um mês antes estavam em 0,32%.
Preços administrados
O Relatório de Mercado Focus voltou a mostrar mudanças nas projeções para os preços administrados, tanto em 2016 quanto em 2017. A mediana das previsões do mercado financeiro para este indicador este ano passou de alta de 6,25% para avanço de 6,20%. No próximo ano, porém, as projeções pioraram e a mediana passou de alta de 5,42% para elevação de 5,50%. Há um mês, o mercado projetava aumento de 6,70% para os preços administrados em 2016 e elevação de 5,50% para 2017.
O BC contava com forte desinflação desse segmento para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5% em 2016 - uma perspectiva que vai ficando distante, pelos dados do Focus. Nos últimos tempos, o dólar mais baixo também vinha colaborando. Em comunicações recentes, o BC enfatizou ainda que a retração econômica pode ajudar no processo de desinflação. Por outro lado, disse que a inflação corrente e as expectativas, ambas elevadas, seguram este processo.
Na ata do último encontro do Copom, a instituição projetou uma variação de 6,6% para os preços administrados em 2016 e de 5,3% para 2017.
IGPs e IPC-Fipe
A pesquisa Focus trouxe projeções mais favoráveis para os Índices Gerais de Preços (IGPs) deste ano. Estes indicadores são bastante afetados pelo desempenho do dólar, mas também pelos produtos no atacado, em especial os agrícolas.
No caso do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de 2016, a mediana das estimativas dos analistas recuou de 8,48% na semana passada para 8,41% agora. Um mês atrás, a mediana das projeções para o IGP-DI deste ano estava em 9,20%. Para o ano que vem, a mediana das previsões foi de 5,55% para 5,53%. Quatro levantamentos atrás, essa previsão para 2017 estava em 5,57%.
No caso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), referência para o reajuste dos contratos de aluguel, a mediana das estimativas para este ano caiu de 8,62% para 8,51% esta semana. Quatro levantamentos antes estava em 9,23%. Para 2017, as previsões mostraram recuo de 5,70% para 5,63% - um mês atrás estava em 5,66%.
A mediana das previsões para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) de 2016 foi a exceção nesta semana, ao subir de 7,49% para 7,52%. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 7,54%. Já para 2017, as expectativas para a inflação de São Paulo permaneceram em 5,30%, mesmo patamar de um mês antes.