O forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano, que o indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-BR) mostrou que ficou próximo de 10%, traz à memória dos brasileiros o período do chamado milagre econômico, vivenciado pelo País no fim da década de 60 e início dos anos 70.
Mas os analistas econômicos consideram que o desempenho "milagroso" desse início do ano não vai perdurar, já que, além de ter sido influenciado pela base deprimida do primeiro trimestre de 2009, a economia brasileira não tem condições estruturais de manter um ritmo desses sem causar inflação e problemas nas contas externas.
O período do milagre econômico brasileiro teve início no ano de 1967 e durou até 1973, ajudou a sustentar a ditadura militar e foi interrompido pelo primeiro choque do petróleo. O crescimento médio do País nesse período ficou na casa de 11%, com pico de 13,97% no ano de 1973, embora também tenha havido aumento da concentração de renda.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Segundo o professor de Economia da Universidade de São Paulo, Fabio Kanczuk, o milagre econômico brasileiro ocorreu em um contexto bem diferente do atual. Naquela época, o Brasil era um País muito pobre e o mundo estava tranquilo para financiar os pesados investimentos que começaram a ser realizados na área de infraestrutura. Para ele, os investimentos em infraestrutura no milagre representavam de 7% a 8% do PIB, enquanto hoje ficam entre 2% e 3%.
Outro aspecto salientado é que naquela época a carga tributária do Brasil era bem mais baixa, oscilando na casa dos 20% do PIB. Enquanto atualmente gira próxima dos 35% do PIB. "No milagre, o governo tirava pouco do setor privado e devolvia muito em investimento em infraestrutura. Muito diferente do que ocorre agora, em que a carga tributária é elevada e ainda há pouca devolução para o setor privado."