Considerada base para uma vida economicamente saudável, a educação financeira ainda está longe dos bancos escolares, apesar de o conteúdo constar em planejamentos nacionais de educação. Um projeto-piloto, desenvolvido pela Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF Brasil) já está pronto para ser implementado abertamente no ensino médio, mas ainda faltam ajustes para o ensino fundamental.
O projeto-piloto, elaborado em conjunto com a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) – uma mobilização multissetorial em prol do tema -, foi implantado inicialmente em 891 escolas de ensino médio de cinco Estados brasileiros e ampliado, no ano passado, para o ensino fundamental para 200 escolas de dois Estados. Na visão da AEF Brasil, a educação financeira "não é um conjunto de ferramentas de cálculo, é uma leitura de realidade, de planejamento de vida, de prevenção e de realização individual e coletiva".
Seguindo esta linha, o economista do Banco Mundial Caio Piza afirma que, quanto mais cedo introduzir as teorias, melhor. "Não existe nenhum fundamento para esperar até o ensino médio para começar a falar sobre o assunto", frisa.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
A ideia inicial do projeto era que, ao ingressar no ensino médio, a pessoa estaria mais perto do mercado de trabalho e, por isso, a realidade das finanças estaria mais próxima. Entretanto, ao estender para o ensino fundamental, o resultado obtido nos anos iniciais não foi o esperado. "Percebemos que é mais eficiente a partir do segundo ciclo do fundamental, mas queremos já nos primeiros anos. O primeiro ciclo deve passar por reformulação", diz.
E quais os efeitos? Piza explica que, ao se falar de educação financeira, o que se esperava era um preparo de letramento – que os estudantes obtivessem noções de gastos e consumo consciente, consequências do consumo irresponsável e dívidas a longo prazo não planejadas e a importância e modos de poupar, entre outros – e comportamental, que seria justamente colocar em prática os ensinamentos.
Piza explica que existe, em todos os módulos, o tratamento do custo-benefício das decisões, de que a escolha de hoje terá consequências amanhã. "A hipótese era que uma das principais questões a serem atacadas seria a falta de conhecimento formal. Porém, descobrimos que o conhecimento é importante, mas está longe de ser o essencial", diz.
Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina.