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Planos assistenciais

Quanto custa morrer em Londrina?

Eli Araujo/Equipe Folha
12 nov 2009 às 10:41

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Consultor diz que opção por um plano funerário deve ser encarada como algo normal e não como um assunto a ser evitado - Folha de Londrina/Arquivo
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As empresas que trabalham com planos funerários assimilaram bem a filosofia de que ''água mole em pedra dura tanto bate até que fura'' e estão revertendo um conceito que até recentemente soava como mau-agouro. Há cerca de 15 anos, quando surgiu esse tipo de negócio em Londrina, era muito difícil abordar as pessoas para vender um produto associado à morte, mas hoje em dia a aceitação é bem maior. Tanto que quatro empreendimentos do setor se estabeleceram na cidade neste período.

O diretor administrativo do Grupo de Apoio Mútuo (Gram), Edmundo Mercer Gomes dos Santos, reconhece que a população está bem mais consciente em relação aos planos funerários. ''Hoje, o assunto é mais motivo de brincadeira do que de medo'', afirma. Ele admite, entretanto, que não foi sempre assim e que no começo, há 14 anos, houve representantes da empresa que deixaram a casa de possíveis clientes sob a ameaça de facas. ''A pessoa dizia que a gente estava agourando, levando a morte para a casa dela''.

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Hoje, os vendedores dos planos funerários continuam visitando as residências em busca de novos clientes, mas a mudança de conceito pode ser constatada também por outro motivo: há pessoas que observam bem o atendimento quando vão a um velório, ficam curiosas sobre os custos e, assim, se interessam em participar de um plano que preste esse serviço.

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As empresas que trabalham com planos funerários sabem que a morte de um ente querido causa uma série de transtornos aos familiares e é exatamente este tipo de situação que elas procuram amenizar. Seus funcionários entram em ação assim que recebem a informação sobre a morte de um associado. ''A partir daí, a empresa se responsabiliza por tudo, o que é um conforto para a família; tranquiliza bastante'', afirma Santos. Ele acrescenta que este trabalho inclui preparação do corpo, aluguel da capela para o velório, compra da urna funerária, coroa, preparação de lanches para os familiares e transporte.

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Uma característica comum a todos os planos é o período de carência, que varia de empresa para empresa. Para o diretor da Gram, o principal objetivo da carência é evitar a má fé de alguns clientes. ''Fica fácil se o pai de alguém sofre um derrame e a pessoa corre aqui para fazer um plano na última hora, mas a partir da carência não importa, por exemplo, se a pessoa tenha ou não uma doença pré-existente''. Santos esclarece também que o limite de idade nos contratos vale apenas para o momento da inclusão no plano. No caso da Gram, o limite é de 80 anos. ''A partir do contrato, não há mais limite de idade''.


Atendimento

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A cabeleireira Ana Muhão Pereira adquiriu um plano funerário há sete anos. Ela aderiu a um plano que garantisse atendimento a duas pessoas idosas: a mãe e a sogra. No período de um ano, ambas faleceram e foram atendidas pela empresa, conforme previa o contrato. ''A gente só ligou informando sobre o falecimento e não fez mais nada. Eles cuidaram de tudo, inclusive dos lanches durante a madrugada''. Segundo ela, a família escolheu apenas a urna funerária. Ana faz questão de frisar que não teve qualquer custo nos dois funerais. ''A família fica bem mais aliviada'', comenta.



Investimento é necessário, diz consultor

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Para o consultor financeiro Charles Vezozzo, a resistência da maioria da população aos planos está associada a um problema cultural. ''A nossa cultura trabalha com o planejamento financeiro voltado para vida: viagens, passeios, bens e estudos, e há muita dificuldade em se falar do assunto morte''. Segundo ele, esta resistência se manifesta tanto de forma consciente quanto inconsciente.


De acordo com Vezozzo, a opção por um plano funerário deve ser encarada como algo normal e não como um assunto a ser evitado. Ele explica que a inclusão desse tipo de despesa não faz parte do grupo A em termos de prioridade no orçamento doméstico, que são alimentação, saúde, moradia e educação, mas considera que o investimento, nesse caso, é necessário e bastante acessível. Há planos funerários a partir de R$ 25.

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Independentemente de questões culturais, Vezozzo sugere que a pessoa faça uma economia mensal de pelo menos 10% de sua renda e que tenha uma reserva financeira para pelo menos seis meses no caso de uma eventual situação de desemprego. Segundo ele, este é o tempo que geralmente demora uma recolocação.


Vezozzo diz que a poupança é necessária para qualquer emergência. ''A reserva financeira é sempre bem vinda, seja em uma situação boa ou ruim''. Ele sugere também que a reserva seja mantida em uma conta bancária que possa ser movimentada por uma pessoa de confiança.

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Faltam terrenos nos cemitérios públicos



A falta de terrenos é o principal problema nos cemitérios públicos de Londrina. Dos cinco existentes no perímetro urbano, apenas o Jardim da Saudade, na Zona Norte, tem lotes disponíveis. Nos outros quatro, o sepultamento depende da disponibilidade do momento, não havendo a comercialização antecipada como ocorre nos cemitérios particulares.

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A proibição de compra e venda de terrenos nos cemitérios públicos de Londrina foi aprovada por uma lei municipal que está em vigor desde agosto do ano passado. ''Estava acontecendo uma espécie de especulação imobiliária nos cemitérios. As pessoas compravam os terrenos e revendiam por valores bem acima do normal, causando um certo desconforto para a família que perde um ente querido porque o objetivo não é o comércio'', justifica a superintendente da Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina (Acesf), Camila Kauam Menezes Zulian.


Hoje, a família que queira dispor de um terreno que tenha em um cemitério público, só pode negociar com a própria Acesf. Uma possível transferência de terreno sem conhecimento da autarquia não tem valor legal e pode ainda causar problemas no futuro se a família que vendeu o imóvel reivindicar a posse.


Para Camila, o custo com o funeral varia de acordo com as possibilidades e a vontade da família. ''Atendemos do mais simples ao mais luxuoso'', afirma. A Acesf realiza o sepultamento sem nenhum custo para as famílias sem condições financeiras. No entanto, depois do sepultamento os familiares receberão a visita dos assistentes sociais do município para confirmar se de fato é carente ou não.


A superintendente acredita que a falta de terrenos nos cemitérios de Londrina será resolvida com dois novos empreendimentos particulares que serão ativados no próximo ano. Um se localiza na Região Norte, perto do Jardim da Saudade, e o outro, no Jardim São Francisco (Região Oeste). Cada um terá 9 mil lotes e o município tem direito a 5% das vagas.

Camila reconhece também que está havendo uma mudança de conceito da sociedade quanto às empresas que trabalham com planos funerários. ''Há algum tempo, havia uma resistência muito grande a esse tipo de assunto, mas hoje boa parte das pessoas tem mais conhecimento e encara o negócio como um seguro de carro ou de casa'', compara. E segundo ela, a relação destas empresas com a Acesf é ''tranquila''. ''As empresas reduzem o sofrimento das famílias que não precisam se preocupar com detalhes burocráticos e comerciais em um momento tão difícil''.


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