Quase a metade dos brasileiros que estão endividados faz parte da classe C. É o que afirma a última pesquisa divulgada pelo SPC sobre o índice mensal de inadimplência no país. A pesquisa revela também que além de pertencer à classe C, ser autônomo, ter gasto fixo com aluguel e possuir baixa escolaridade são algumas das características dos consumidos inadimplentes.
"A classe C está com seu poder de consumo comprometido, por conta do recente aumento no número de parcelamentos nas compras e a falta de um planejamento familiar mais afinado", avalia o gestor-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Curitiba, André Luiz Pellizzaro.
Segundo os dados da pesquisa, as dívidas entre as classes mais baixas são resultantes dos juros dos cartões de crédito (46%) e dos empréstimos bancários (40%). "O nível de endividamento destas pessoas chega a ser de até cinco vezes o orçamento familiar, algo que varia de R$ 1 mil a R$ 5 mil", analisa Pellizzaro.
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De acordo com Pellizzaro, um fator resultante deste momento econômico se dá pelo fácil acesso que estas famílias tiveram no passado recente para a aquisição de financiamentos. "O brasileiro ainda não tem a cultura do planejamento financeiro", pondera. A pesquisa aponta que 38% dos entrevistados afirmaram que a falta de organização com os gastos gerou a inadimplência.
Relativo às demais classes sociais, há um dado interessante apontado pelo levantamento. "Como a classe A e a classe E fazem suas compras com dinheiro, à primeira por ter mais recursos e a outra pelo difícil acesso aos empréstimos, o índice de endividamento nestas classes fica em torno dos 3%", explica o economista do SPC Curitiba, André Soares.
Dicas – Soares salienta que algumas regras simples podem evitar o superendividamento, como, por exemplo, não ultrapassar 30% do orçamento familiar com as compras parceladas e ficar atento às contas do dia a dia. "O importante é sempre ter em mente que pode ocorrer algum imprevisto, por isso não é saudável comprometer substancialmente o orçamento", afirma. "Também devemos ficar atentos e só realizar outras compras parceladas ao quitarmos a que está pendente", adverte.