A queda acentuada no lucro líquido da Copel de 60,8% no terceiro trimestre deste ano pode ser explicada pela redução de 65% no lucro operacional que caiu em função da redução de 1,2% no consumo de energia com a crise econômica, do aumento dos custos de mais de 170% da compra de energia da usina de Itaipu com alta do dólar e do crescimento das despesas operacionais. A análise é do consultor de investimentos e sócio da Inva Capital, Raphael Cordeiro. O balanço divulgado na última quarta-feira mostrou que o lucro foi de R$ 91,4 milhões contra os R$ 233,4 milhões registrados no terceiro trimestre de 2014.
Na opinião dele, a gestão da empresa vem perdendo eficiência. Outro dado preocupante apontado no balanço foi a redução de 30,9% nos investimentos no terceiro trimestre que foi de R$ 587 milhões contra os R$ 850 milhões aplicados no mesmo período de 2014. "O problema não é ter caído o volume de investimentos no terceiro trimestre, mas a empresa perder a capacidade de investir", disse.
O Lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que é o indicador mais importante em relação à capacidade de pagamento da dívida da empresa, também teve um tombo grande no terceiro trimestre com retração de 39,7% e fechou em R$ 299 milhões, valor bem menor que os R$ 496 milhões registrados no mesmo período do ano passado.
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Cordeiro destacou que, em setembro de 2014, a dívida da empresa era equivalente a um ano e três meses de Lajida. Em setembro deste ano, a dívida passou a ser igual a dois anos e meio de Lajida, o que ele classifica como preocupante.
Em comunicado ao mercado, a companhia atribui a queda do indicador à retração de 2,4% no mercado, composto pelas vendas de energia das unidades de distribuição, geração e transmissão e parques eólicos. Entre janeiro e setembro, o Ebitda alcançou R$ 1,627 bilhão, variação negativa de 10,6% sobre o ano passado.
A dívida líquida total da empresa saltou de R$ 3,17 milhões em setembro do ano passado para R$ 5,78 milhões no mesmo mês de 2015. Com isso, a relação endividamento versus patrimônio líquido subiu de 41,1% para 49,7%. A reportagem solicitou entrevista para a Copel sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição não teve retorno.
Cordeiro disse que, com o aumento do endividamento, pode ficar mais difícil de a companhia conseguir financiamentos. Além disso, a concessão de crédito está mais restrita e com juros mais caros neste ano em função da crise econômica que o país atravessa.
O setor de distribuição da Copel contabilizou um prejuízo de R$ 73,1 milhões contra um lucro de R$ 51,3 milhões no terceiro trimestre de 2014. No comunicado, a empresa declarou que a retração do mercado de energia de julho a setembro impactou negativamente nos números, "o que resultou na frustração de receita de R$ 42 milhões". A Copel também afirmou, em comunicado, que o diferencial de alíquota do PIS/Cofins teve um impacto negativo nas receitas de R$ 36 milhões, valor que será parcialmente recuperado em períodos subsequentes.
O balanço não foi bem recebido pelo mercado ontem e as ações da companhia despencaram na bolsa. A ação preferencial e mais negociada fechou o dia a R$ 30,41 com queda de 8,65%. A ação ordinária (com direito a voto) encerrou em R$ 20,49 com queda de 9,14%. "O mercado ficou surpreendido negativamente com os resultados", avaliou Cordeiro.