Uma pequena rã, que mede só 2 centímetros quando adulta, paralisou, desde o dia 24, um trecho de 4 quilômetros do arco rodoviário metropolitano do Rio de Janeiro, obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A obra que terá uma extensão total de 145 quilômetros e orçamento de quase R$ 1 bilhão. Esse lote - batizado de 3 e que tem extensão total de 70,9 quilômetros - está localizado no município de Seropédica, na Baixada Fluminense, a cerca de uma hora de carro do centro do Rio.
"A rã Physalaemus soaresi está na categoria em extinção porque a área em que ela vive é muito pequena e existe uma forte pressão urbana ao seu hábitat", explica o professor adjunto do Instituto de Biologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Hélio Ricardo da Silva
A convite do Estado, Silva visitou o lote 3 do arco rodoviário do Rio, que está com as obras paralisadas e, num local próximo, encontrou uma rã macho. Segundo ele, as obras do arco rodoviário na região "muito provavelmente" já interferiram no hábitat da pequena rã. O biólogo defende que bastaria um desvio de cerca de 100 metros para que o empreendimento não tivesse impacto no hábitat de espécies raras.
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O subsecretário estadual de obras do Rio, Vicente Loureiro, discorda. "Os engenheiros são especialistas e vêm estudando a localização do arco metropolitano", diz Loureiro. Para ele, a diretriz do projeto de uma estrada de grande porte não pode ser desviada "a cada empecilho ou potencial obstáculo".
O subsecretário conta que a proposta de solução para o impasse é a instalação de placas de aço para isolar o hábitat das rãs, com o objetivo de protegê-las e garantir o período de reprodução, que vai de setembro a fevereiro.
A alternativa foi anunciada oficialmente pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Essa alternativa, diz ele, será analisada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, mas ainda não há prazo nem estimativa para o início da instalação. Nem para a retomada das obras.