Lideranças empresariais reunidas ontem (13) na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) questionaram os índices de reajuste do salário mínimo regional, propostos pelo governo do Paraná no último dia 5. Os percentuais variam de 9,5% a 21,5%, mas ainda devem ser confirmados pela Assembleia Legislativa do Estado, em recesso até fevereiro.
Para os empresários, o reajuste proposto é ''irreal'' e pode provocar um impacto negativo na economia. Os empresários destacam que a inflação no período, medida pelo INPC, foi de 4,18%, abaixo, portanto, dos percentuais propostos pelo governo do Estado.
A reunião contou com representantes da Fiep, da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) e da Associação Comercial do Paraná (ACP). Eles informaram que vão solicitar uma audiência com o governo do Estado e com os parlamentares.
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Os empresários lamentaram ainda o fato de não terem sido procurados pelo governo do Estado para discussão prévia dos percentuais. ''Não somos contrários ao reajuste do salário, mas defendemos um índice real, com base em estudos técnicos'', disse Amilton Stival, coordenador do Conselho de Relações do Trabalho da Fiep, que conduziu a reunião. ''Em nenhum momento fomos procurados para discutir o tema. A decisão foi unilateral'', afirmou ele.
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) é quem faz o cálculo do reajuste do mínimo regional. E o Ipardes sustenta que leva em consideração valores já praticados no mercado. Ou seja, o governo do Estado alega que apenas estaria adequando o mínimo regional ao cenário econômico.
No Legislativo, o governo do Estado tem ampla maioria e não deve enfrentar dificuldade para manter os índices que propôs. Mas a discussão no plenário deve ser provocada pela bancada da oposição, que, desde 2006, quando o mínimo regional foi criado, tenta transferir os mesmos reajustes aos salários do funcionalismo público. A oposição alega que o Estado faz ''cortesia com chapéu alheio'', já que somente a iniciativa privada fica obrigada a atender os índices.
O piso estadual hoje em vigor varia entre R$ 605,52 e R$ 629,45, mas, se a proposta do Estado for aprovada pelos parlamentares, a variação pode ficar entre R$ 663,00 e R$ 765,00. Já o salário mínimo nacional está em R$ 510,00. A proposta de aumento constará num projeto de lei que será encaminhado no próximo dia 1º ao Legislativo. O mínimo regional é válido apenas para categorias sem representação, como a das domésticas.