A forte alta do real está ajudando a reverter uma das exportações mais lucrativas do Brasil: a venda de jogadores de futebol para a Europa, aponta o Financial Times na capa da edição desta segunda-feira (18). Segundo o jornal, estrelas jovens estão optando por passar mais tempo no País, enquanto veteranos voltam para casa mais cedo porque a diferença de salários diminuiu.
Conforma a agência de marketing Prime Time Sport, o gasto com novos jogadores subiu 63% no Brasil em 2010, em contraste com a queda de 29% registrada na Europa no mesmo período. O número de jogadores "exportados" pelo País caiu 14% em 2009.
O real atingiu recentemente a maior alta em 12 anos contra o dólar e avançou 35% em relação ao euro e à libra desde 2008, ajudando os clubes locais a competirem com os ricos europeus "em guerras de propostas pelos melhores jogadores do mundo", diz o FT.
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"A oferta de 40 milhões de euros feita neste mês pelo principal clube de São Paulo, o Corinthians Paulista, pelo atacante argentino Carlos Tevez, que joga na Premier League inglesa pelo Manchester City, destacou a alta do poder de compra do futebol brasileiro."
O FT lembra também os contratos fechados com Ronaldo, Luis Fabiano, Ronaldinho e Fred, todos eles atraídos de volta para casa, vindos da Europa. Segundo a Professional Football Players Observatory (PFPO), 135 jogadores voltaram ao Brasil no ano passado, enquanto 283 deixaram o País. Para a PFPO, esse movimento é um traço importante da atual circulação global de jogadores.
O tema também abriu reportagem divulgada ontem pela CNN sobre o superaquecimento da economia Brasil. O apresentador Fareed Zakaria apontou que Tevez, um dos maiores salários do mundo, recebeu proposta não de um xeque árabe, mas de um "pequeno" clube de São Paulo.