Uma recuperação nas vendas do comércio ainda este ano já não passa mais pela cabeça dos empresários, que cada vez mais ajustam suas previsões de investimentos e contratações de acordo com a perspectiva desfavorável para os próximos meses. Em julho, as expectativas dos empresários ficaram 8,5% menores do que em igual mês do ano passado, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
"Antes, o empresário tinha expectativa de recuperação rápida. Agora, ele não acha mais isso, não vê recuperação no curto e médio prazos", diz o economista Bruno Fernandes, da CNC. "Se a expectativa está ruim, o empresário não contrata", acrescenta. No mês passado, a perspectiva de investimento em funcionários recuou 24,8% na comparação interanual. Em relação a junho, a queda foi de 3,2%.
Segundo Fernandes, a inflação elevada, o crédito caro e escasso e a baixa confiança das famílias permitiu que o pessimismo se disseminasse no setor varejista. Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas no segmento restrito (sem veículos e materiais de construção) recuaram 2,0% em relação a igual período de 2014. Hoje, a entidade anunciou que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu um novo mínimo histórico na série, iniciada em março de 2011.
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A segunda metade do ano deve ser "um pouco melhor" para o setor, diante de uma inflação menos pressionada pelos preços administrados, avalia a CNC. "Mesmo assim, um pouco melhor que a gente diz significa menos ruim", esclarece Fernandes. A entidade prevê queda de 1,1% nas vendas do varejo restrito este ano, o pior resultado desde 2003.