O seguro do carro está mais caro. No primeiro semestre, os preços na Região Metropolitana de São Paulo aumentaram 9%, bem acima da inflação no mesmo período, que foi de 4%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta está relacionada ao aquecimento da economia, segundo especialistas do setor. "Desde 2006 o mercado de automóveis cresceu 125% em termos de número de unidades. Isso cria uma pressão nos preços: há uma busca maior pelo seguro do automóvel", explica o professor do curso de Gestão de Concessionárias da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Valdner Papa.
Grande parte destes compradores, pertencem à classe C, que adquiriu maior renda, teve acesso ao crédito e comprou seu primeiro carro, diz Antonio Penteado Mendonça, professor da Faculdade de Administração (FIA). Segundo ele, isso também contribui para a alta dos preços das apólices. "Existe mais possibilidade de acidentes, pela falta de prática dos novos condutores na direção e de congestionamentos na cidade, por causa do aumento do volume de veículos. Tudo isso torna o seguro mais caro".
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O aumento dos roubos e furtos de automóveis também colabora para o aumento do valor da proteção. Porém, Papa verifica que o número de ações criminosas cresceu proporcionalmente ao de novos carros na cidade. Em regiões com maior incidência dessa prática, o seguro encareceu. A Lapa, por exemplo, lidera os índices de furto e roubo de carro nos cinco primeiros meses do ano, segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, o que influencia segurados que residam ou trabalhem no bairro. Este tipo de crime também é comum em Perdizes e Pinheiros.
Segundo Papa, quem quer economizar encontra opções no mercado. "Há uma grande concorrência e várias alternativas para comparar. A grande diferença no preço está nos adicionais oferecidos, como serviços 24h e assistência diferenciada, que podem corresponder a até 40% do valor do seguro. A contratação deve estar vinculada à necessidade".
Mendonça reforça que o preço não deve ser o único ponto observado. "É preciso verificar condições importantes escritas na apólice, como por exemplo, a cobertura do seguro para o caso do carro estacionado na rua ser furtado. É bom avaliar se vale a pena optar por um seguro mais barato, mas não receber indenização nestes casos. Vale realizar uma pesquisa entre cinco companhias diferentes com um corretor que conheça o mercado", conclui.
A dona de casa Elisângela Chiceri, de 37 anos, conta que quando o seguro do seu carro aumentou, ela preferiu analisar outras opções. "Foi um aumento de R$ 1,1 mil para mais de R$ 1,5 mil. Acabei achando outro seguro por um preço menor". A professora Claudete Cruz, de 55 anos, também mudou de estratégia este ano. "O plano aumentou de R$ 1,4 mil para R$ 2,5 mil. Achei um por R$ 2 mi. Preferi não ter convênio com estacionamentos, por exemplo".
O consultor hoteleiro Arnaldo Tonini, 43 anos, é uma exceção. Ele acumulou bônus por não ter sinistros durante longo período e obteve 10% de desconto na última renovação. "Isso fez com que eu pagasse o mesmo valor que havia pago no ano passado". Tonini mora na zona norte e acredita que isso contribuiu para manter o preço estável. "A região não tem muitos roubos de carro".