Os Correios e os representantes dos funcionários não chegaram a um consenso sobre o reajuste dos empregados, que estão em greve desde o dia 11 de setembro. Na segunda audiência de conciliação promovida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) hoje (25), a empresa aceitou dar um aumento de 5,2% para todos os trabalhadores, mas rejeitou o aumento linear de R$ 80, proposto pelo TST. Com a falta de acordo, o dissídio coletivo será julgado pelos ministros na próxima quinta-feira (27).
Segundo empresa, o aumento linear de R$ 80 resultaria em um acréscimo na folha de pagamento de R$ 323 milhões por ano. O vice-presidente jurídico dos Correios, Jefferson Carús Guedes, disse que, além das questões financeiras, o aumento linear poderia gerar uma insatisfação para trabalhadores mais antigos e criar um desnível para categorias de nível técnico e superior, além de criar riscos judiciais.
"Nossa proposta repõe aos trabalhadores o índice inflacionário e uma série de outros benefícios sociais, e o plano de saúde, que tem custo alto. Por isso o reajuste linear, que causa uma série de prejuízos aos próprios trabalhadores, não pode ser atendido", ressaltou.
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A empresa se comprometeu a manter o plano de saúde oferecido aos trabalhadores como está, e qualquer alteração deverá ser feita em negociação coletiva com os empregados. Os Correios alegam que o plano deve sofrer alterações para se adaptar às regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e propõe que haja um plano alternativo para novos empregados, mas os trabalhadores querem manter as regras atuais para todos os funcionários.
De acordo com a empresa, o custo com o plano de saúde este ano vai chegar a R$ 800 milhões, e teve incremento de 27% no número de beneficiários, que chegou a 400 mil pessoas.
A empresa também se comprometeu a apresentar uma proposta sobre a possibilidade de distribuição das cartas no período da manhã em algumas localidades, quando a temperatura não é tão elevada. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), os trabalhadores vêm sofrendo problemas de saúde por causa do calor em diversas cidades no período da tarde. Os representantes da empresa ressaltaram, no entanto, que a mudança na distribuição poderá causar atrasos nas entregas de correspondências.
O secretário-geral da Fentect, Edson Dorta, criticou a intransigência da empresa com os empregados. "Os trabalhadores carregam as bolsas por seis horas, são atacados por cachorros, assaltados e sofrem várias doenças funcionais. Isso demonstra o descaso que a empresa tem com mais de 120 mil trabalhadores que fazem os Correios ser a empresa pública mais respeitada na América Latina", disse.
A ministra Kátia Arruda, relatora do processo de dissídio ajuizado pela empresa, reconheceu as dificuldades da estatal, mas ressaltou que há defasagem no salário dos trabalhadores, principalmente dos carteiros. "Isso não vai ser solucionado em uma única negociação coletiva", destacou.
Segundo os Correios, hoje 11,7 mil funcionários estão em greve, o que representa 9,7% dos 120 mil funcionários da empresa. A maioria dos grevistas, mais de dez mil, são carteiros. O movimento atinge 21 estados e o Distrito Federal. A Fentect estima que o percentual de adesão está entre 40% e 50%.