O preço do álcool disparou nesta sexta-feira (9) em Londrina. Acostumado a pagar entre R$ 1,09 e R$ 1,29 por litro nas últimas semanas, o consumidor passou a desembolsar em média R$ 1,69 (55% de aumento). Numa consulta feita pela FOLHA em dez postos da cidade, nove já estavam praticando o novo preço. Em Curitiba, os preços também estavam em alta desde ontem. O litro do produto que era vendido por um preço médio de R$ 1,29 foi para R$ 1,39.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis), há informação de que as usinas irão aumentar o preço do álcool em R$ 0,20 por litro porque as chuvas atrapalharam a moagem de cana-de-açúcar e falta produto no mercado. Por isso, antes mesmo de receberam nova remessa de combustível, os postos começaram a repassar o aumento, considerando que o patamar abaixo de R$ 1,30 era ''irreal''.
''Na verdade, os preços voltaram para a realidade do setor'', afirma Durval Garcia Júnior, vice-presidente do Sindicombustíveis em Londrina e região. Segundo ele, os valores anteriores vinha sendo praticados num esforço conjunto entre as distribuidoras e os postos. ''Londrina chegou a ter o preço mais baixo do Brasil'', observa. Por causa da safra da cana-de-açúcar, Garcia Júnior, diz que os preços praticados hoje ainda devem baixar.
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De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o álcool hidratado (etanol) disparou 18,7% e foi negociado, em média, a R$ 0,9139, ante R$ 0,7698 o litro na semana anterior. Já o preço médio do litro do anidro subiu 5,67%, de R$ 0,8852 para R$ 0,9353 no mesmo período. Os preços não incluem impostos.
Segundo Anísio Tormena, presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), o clima atual favorece a safra de cana-de-açúcar. ''Vai aumentar a oferta de produto (etanol) no mercado e a tendência é que o preço volte a patamares anteriores, entre R$ 1,30 e R$ 1,40'', afirma. ''Na minha opinião esse seria o preço justo para o mercado, embora eu não conheça a realidade da margem de lucro das distribuidoras e dos postos'', completa.
Crédito
Na consulta feita pela reportagem, o preço da gasolina estava mais caro em alguns postos, passando de uma média de R$ 2,29 para R$ 2,59. Metade dos estabelecimentos, porém, não havia mexido no preços. Alguns postos ouvidos pela FOLHA, cujos representantes não quiseram se identificar, consideram que a questão do cartão de crédito também influenciou a majoração dos preços (do álcool e da gasolina) em Londrina.
No início da semana, o Procon divulgou comunicado considerando ilegal o fato de alguns postos cobrarem valores diferentes para pagamento à vista ou no cartão de crédito. Segundo o órgão, os estabelecimentos que continuassem com essa diferenciação poderiam ser multados ou ter o alvará cassado.
''Faltou bom-senso para o consumidor entender que não tinha como vendermos combustível na promoção pelo cartão de crédito, devido às altas taxas. Agora que subimos, e o preço é igual à vista ou no crédito, ninguém reclama mais'', admitiu um representante de posto. O vice-presidente do Sindicombustíveis em Londrina também considera que a questão do crédito influenciou o aumento.
''Foi um conjunto de fatores, incluindo esta questão. Nós mesmos fomos consultar o Procon (sobre a questão do crédito) porque queremos trabalhar dentro da lei. Ninguém quer ser multado. Para os postos da região central, 80% das vendas são a crédito. E não tinha como continuar praticando o preço promocional no cartão de crédito, que cobra taxa supeior a 3% (por transação) e demora 30 dias para faturar'', diz.
Procurado pela FOLHA, o coordenador do Procon, Carlos Neves Júnior, disse que a questão do crédito não deve ter influência na alta dos valores cobrados pelos postos. ''Eu quero entender que a majoração não tenha sido motivada por isso. Aumento sem justa causa é passível de multa'', afirmou. (Colaborou Andréa Bertoldi)