Uma exclusividade dos grandes centros urbanos, os shoppings centers estão começando a investir em negócios em cidades de médio porte, com mais de 150 mil habitantes. A tendência é confirmada pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Segundo a associação, até 2012 mais de cem shoppings serão inaugurados, muitos em regiões que não eram atendidas ainda.
A explicação para essa nova tendência é uma só:''O poder aquisitivo do brasileiro aumentou, houve uma ascensão econômica de parte da população. São pessoas que estão ávidas para consumir'', diz Luis Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Alshop.
Esse movimento não aparece nas estatísticas oficiais da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (Abrasce), mas tem sido notado no volume de operações de locação de lojas em cidades que antes não tinham nenhum empreendimento do gênero. Isso porque a Associação tem um parâmetro mais rígido de definição do que é shopping center. Para ser classificado como tal o centro de compras tem que ter área bruta locável superior a cinco mil metros quadrados, estacionamento compatível com a dimensão do local, administração central e locação (e não venda) de espaços.
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No interior do Brasil, aponta Silva, as características dos empreendimentos são diferentes. ''Em cidades menores os shoppings são certamente menores que os das capitais'', afirma. Ele explica que esse tipo de projeto tem algumas características comuns. ''Há uma área de entretenimento, com cinemas e outras atividades, uma alameda de serviços e franquias como âncoras'', explica.
O superintendente do Shopping São José, José Alcir Gruber, discorda. ''Fizemos uma pesquisa extensa de mercado e vimos que um projeto mais sofisticado tinha boa aceitação'', conta. O shopping está instalado há dois anos em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba e é a primeira experiência da Soifer Participações fora de grandes cidades. Para Gruber, São José atraiu o empreendimento por combinar desenvolvimento industrial e econômico, rede rodoviária e a proximidade com o Aeroporto Internacional Afonso Pena.
Apesar de estar localizado na região metropolitana, o shopping recebe 40% de clientes de Curitiba, de bairros mais afastados do Centro, como Boqueirão, Hauer e Uberaba. A estratégia de investir em qualidade, conta, fez o empreendimento não competir com o centro comercial da cidade. ''A relação entre o shopping e o comércio popular da rua XV de novembro é de complemento'', afirma.
Segundo Gruber, a maior dificuldade encontrada pelo shopping na cidade foi a de ''mudar o hábito'' do consumidor. ''As pessoas estavam acostumadas a ir para Curitiba para ir ao cinema, para comprar certas marcas. Tivemos que fazer um trabalho intenso de divulgação para reverter isso'', relata.