Silvio Santos só aceitou vender o controle do Panamericano para o BTG Pactual após receber um telefonema do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, no início da tarde de segunda-feira, dia em que o negócio foi anunciado. Até então, o empresário relutava em aceitar as condições da operação. O contrato foi assinado por volta das 20h30.
Segundo fontes que acompanharam as negociações, desde a confirmação do novo rombo (de R$ 1,5 bilhão), cerca de 10 dias atrás, Silvio mostrou-se irritado. Em diversas ocasiões, "trucou". O empresário dizia que, se as condições de venda não fossem mais favoráveis a ele, o BC poderia liquidar de vez o Panamericano. Procurada, a assessoria de Silvio não quis comentar. O BC não se pronunciou.
Em novembro, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) emprestou R$ 2,5 bilhões para cobrir um rombo no banco, descoberto em setembro pelo BC. Em troca, Silvio deu o patrimônio como garantia. O FGC é uma entidade mantida pelos bancos para garantir depósitos de correntistas em caso de quebra de banco.
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No dia 9 de novembro, a diretoria do Panamericano foi demitida. Assumiram executivos indicados pela Caixa (que tem 49% do capital votante) e pelo FGC, que identificaram mais inconsistências nos números. O buraco não era de R$ 2,5 bilhões. Chegava a R$ 4 bilhões. A única saída para evitar a liquidação do banco era um novo empréstimo. Os principais banqueiros do País aceitaram cobrir o rombo. Mas exigiram a troca do acionista controlador, Silvio Santos.
As conversas começaram. O FGC apresentou um esboço de proposta a Silvio, que impôs uma condição: só venderia o banco se saísse sem dívida e com o patrimônio liberado. Os banqueiros não gostaram. Mas avaliaram que a alternativa seria pior. Uma quebra do banco geraria despesa adicional de R$ 2,2 bilhões para o FGC, que teria de cobrir depósitos de clientes. No total, chegaria a R$ 4,7 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.