Os trabalhadores das empresas de montagem e manutenção industrial, prestadoras de serviços à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) em Araucária-PR, pretendem cruzar os braços na próxima segunda-feira (8) para denunciar péssimas condições de trabalho nas subsidiárias da estatal e a demissão arbitrária de quatro profissionais da Lomater Locações e Serviços, entre estes três integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que têm direito à estabilidade de emprego e, portanto, só poderiam ser dispensados por justa causa.
O sindicato dos trabalhadores da montagem e manutenção industrial no Paraná, Sindimont, denuncia perseguição política, uma vez que a demissão ocorreu um dia após a última paralisação na contratada da Petrobras. "A empresa chegou ao absurdo de documentar que o motivo da demissão seria a participação desses trabalhadores na última paralisação. Não é de hoje que estamos brigando contra as péssimas condições de trabalho e o assédio moral praticados nesta e em outras prestadoras de serviços à estatal", disse Gilmar Carlos Lisboa, presidente interino do Sindimont.
"O receio também é de que a empresa possa vir a decretar falência e cerca de 300 trabalhadores fiquem desprotegidos, sem a garantia dos vencimentos e direitos, pois ela dá sinais claros de que tem graves problemas na gestão administrativa e financeira", completou. O Sindimont informa que no último ano três contratadas quebraram e os trabalhadores brigam até hoje pelos passivos na Justiça, sem receber os vencimentos do mês, os direitos atrasados e as verbas rescisórias.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
"O descontentamento na categoria é notável, pois são vários os abusos no atraso e descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT)", acrescenta Lisboa. Atraso no repasse da cesta básica, pagamento de abono, suspensão de convênio médico por falta de pagamento e dívidas na praça são alguns dos indícios de irregularidades na gestão empresarial.
O Sindimont também mantém um canal de negociações direto com a Repar por entender que ela é corresponsável pelas condições de trabalho nas suas contratadas. "O problema é que a Petrobrás prevê multa a essas empresas pelo descumprimento de acordo trabalhista, o pode interferir ainda no pagamento dos serviços prestados, mas fica apenas nisso.
Os trabalhadores continuam desprotegidos porque a estatal não repassa essa multa cobrada aos profissionais afetados e não resolve a situação deles", conta o presidente interino do sindicato.
Greve Solidária - A base do Sindimont é composta por aproximadamente cinco mil trabalhadores, dispostos em mais de 30 empresas subsidiárias e pouco mais de dois mil estão atuando dentro da Repar. O número é instável porque esses soldadores, encanadores, eletricistas e mecânicos, entre outros profissionais de chão de fábrica, possuem muitas vezes contratos temporários de trabalho. Nos quatro anos das obras de ampliação da Repar, chegou-se a ter perto de 20 mil trabalhadores envolvidos nessas atividades.
O Sindicato já notificou a Lomater por meio de ofício. O ato de paralisação em solidariedade aos demitidos e para denunciar os atrasos e abusos cometidos pelas contratadas da Petrobrás no Paraná está marcado para acontecer na segunda-feira pela manhã em frente à PV5 – Portaria de Visitantes 5, que fica na entrada principal da Refinaria Presidente Getúlio Vargas em Araucária.