O bom desempenho da economia do País tem levado a um aumento da geração de empregos. Curitiba e Porto Alegre são as cidades da região Sul que têm se destacado na criação de novos postos de trabalho. Os setores que mais apresentam oportunidades de trabalho são a indústria, o segmento de infraestrutura e o mercado financeiro.
Dados da Asap, empresa de recrutamento e seleção, mostram que as filiais de Curitiba e Porto Alegre já representam 16% da receita nacional da companhia. Segundo Ricardo Haag, diretor das filiais, Curitiba é um dos mercados com maior disputa por talentos em diversos segmentos.
''É impressionante a velocidade das movimentações. Ao longo dos processos de seleção, os candidatos se deparam com diversas oportunidades, mas muitos perdem chances por não terem domínio de uma segunda língua'', destaca. Hoje, ainda há um número limitado de profissionais com fluência em inglês e formação em universidades de primeira linha. Em alguns casos, é necessário até o domínimo de uma terceira língua. São exigidas ainda habilidades técnicas para profissõs específicas.
Leia mais:
Um terço das famílias brasileiras sobreviveu com renda de até R$ 500 por mês em 2021, mostra FGV
Taxa de desemprego no Brasil cai para 9,8%, segundo IBGE
Termina nesta terça o prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda
Número de inadimplentes de Londrina cai 14% em abril, segundo dados do SPC
Dentro da área financeira, as vagas têm aparecido nas áreas de bancos, e instituições financeiras. Outro segmento com grande contratação é de crédito, cobrança e riscos, dentro das instituições financeiras. ''A área de riscos tem cerca de três anos e, por ser nova, faltam profissionais'', disse. Na indústria as vagas vão de bens de capital, de consumo a automóveis.
Haag destacou que hoje também é levado em conta o perfil pessoal e comportamental, além do conhecimento técnico. Dentro desse quesito entra a habilidade de relacionamento, além de possuir uma visão estratégica do mercado que o profissional está inserido.
Ele lembrou que a indústria voltou a contratar com a retomada da economia. O setor de infraestrutura começa a movimentar com a Copa do Mundo de 2014 e com o aumento da movimentação de cargas no País.
Ainda segundo o diretor, os segmentos de indústria e infraestrutura devem alavancar contratações no próximo semestre no Paraná, além do mercado financeiro, que deve se manter como uma das áreas mais promissores da região, com destaque para as áreas de contabilidade internacional, auditoria, controladoria e planejamento tributário.
A design Silvana Aparecida Basso, 33 anos, foi uma das pessoas que conseguiu emprego neste ano na esteira do bom desempenho da economia. Ela foi contratada pela indústria de móveis Flexiv em abril como projetista. Silvana foi demitida por uma metalúrgica em meio a crise financeira em março de 2009 depois de trabalhar durante oito anos. Depois disso, a mesma empresa teve necessidade do trabalho dela para alguns projetos e utilizou os serviços como free lancer durante um ano.
Durante o tempo que ficou desempregada, conseguiu se manter financeiramente como free lancer e com o dinheiro do seguro-desemprego. ''Estou satisfeita com o novo emprego. É o que eu busquei durante muito tempo'' diz.
Indústria e serviços empregam mais
Só neste ano, de janeiro a julho, o Paraná gerou 113.711 empregos, o que representa um aumento de 5,17% no nível de emprego. Foi o segundo melhor ano depois de 2008 quando foram criados 122.797 postos de trabalho. Em 2010, a indústria abriu 38.230 empregos (33,62% do total) o que significou um crescimento de 6,19%. Os setores que mais se destacaram foram as indústrias de alimentos e bebidas (10.313 vagas), têxtil e vestuário (5.373) e madeira e mobiliário (4.859).
Outro segmento que teve bom desempenho na geração de empregos foi o de serviços com 37.167 vagas (32,69% do total) o que representou um crescimento de 4,82%. Nesta área, outros serviços (vigilância, segurança e recursos humanos) abriram 15.105 vagas e transportes e comunicações criaram 7.336 postos. A construção civil foi outro destaque com 18.150 vagas e 14,62% de crescimento.
A previsão do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Sandro Silva, é que 2010 tenha recorde de geração de empregos e supere 2004 quando foram criadas 122.648 vagas.
Para ele, os principais motivos que têm levado ao crescimento na geração de empregos são o aumento real do salário mínimo, os programas sociais do governo federal, o aumento do volume de crédito e a facilidade para obtê-lo, os juros em patamares mais baixos e as negociações salariais coletivas que proporcionaram aumento real desde 2004. ''Com mais dinheiro na economia as pessoas consomem mais, o que gera um ciclo virtuoso'', disse.
Londrina deve dobrar número de vagas
Seguindo os bons números da capital paranaense, Londrina também deve terminar o ano com um saldo positivo em relação à geração de empregos. Em segundo no ranking do Estado, atrás apenas de Curitiba, a cidade acumulou até julho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 8.751 vagas.
Para Neiva de Cássia Sefrin, chefe da Agência do Trabalhador de Londrina do Sistema Nacional do Emprego (Sine), esse número ainda deve crescer substancialmente até o final do ano. ''De setembro a dezembro, a criação de empregos deve ficar numa média de 1,3 mil vagas mensais. Estamos na expectativa de um excelente desempenho'', avalia Neiva.
Em 2009, foram gerados apenas 5 mil empregos no total, ou seja, as vagas para este ano devem pelo menos dobrar. ''Sempre o setor de serviço se destaca em Londrina, mas este ano está havendo uma alternância muito grande em relação a diversos segmentos'', explica a representante do Sine.
O que está havendo no município é um crescimento na geração de empregos nos segmentos da indústria de transformação e construção civil. Elas geraram, em conjunto, mais de 400 vagas no mês de julho. ''A construção civil está reagindo e conseguindo encontrar mão de obra qualificada na cidade. Já a indústria está com grande expectativa para o final do ano, ampliando a área de produção'', comenta Neiva de Cássia.
A chefe da Agência do Trabalhador ressalta ainda que o crescimento dos empregos nesses dois segmentos acabam criando demandas em novas áreas, devido às terceirizações e à construção de empreendimentos que também podem gerar novas vagas. ''Com a economia estável, as pessoas acabam tendo maior acesso a bens e serviços, ajudando abrir novos postos de trabalho. É um cenário de otimismo''.
Em relação às exigências para a contratação de novos funcionários, Neiva diz que as empresas londrinenses estão mais flexíveis, preferindo até oferecer treinamentos. ''Mais do que qualificação, elas visualizam o profissional como um todo, que tenha noções de cidadania e saiba se comunicar, por exemplo. As empresas temem que o profissional muito capacitado troque de emprego rapidamente, procurando melhores oportunidades. Dessa forma elas acabam perdendo capital investido'', completa. (Victor Lopes/Equipe Folha)