A 9ª Câmara do TRT-15 deu parcial provimento ao recurso de um trabalhador, rearbitrando para R$ 10 mil o valor da indenização por danos morais, a ser pago pela reclamada, em virtude de instalação de câmera nos banheiros masculinos dos funcionários da empresa. O juízo da 2ª Vara do Trabalho de Bauru havia arbitrado em R$ 6.700 a indenização, porém o acórdão, que teve como relator o desembargador Luiz Antonio Lazarim, determinou a majoração "pela gravidade da existência do equipamento instalado e sua repercussão no ambiente de trabalho, inclusive com comentários pejorativos".
A reclamada, uma empresa conhecida pela sua atuação no ramo de baterias automotivas, defendeu-se, afirmando que "não autorizou a instalação de qualquer tipo de câmera dentro de um dos banheiros". Também negou "o ilícito patronal e muito menos qualquer abalo moral apto a ensejar os danos morais".
Uma testemunha do reclamante, porém, disse que estava no grupo que encontrou a câmera no banheiro e a retirou de lá. Segundo essa testemunha afirmou, "a microcâmera estava acoplada em fios" e "o fato foi registrado em boletim de ocorrência". Afirmou também que os funcionários "estavam desconfiados", pois havia algum tempo ouviam "comentários pejorativos, inclusive de líderes da empresa".
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Uma testemunha da reclamada, responsável por instalação de câmeras na empresa, disse que não trabalhava com aquele tipo de equipamento e que desconhecia como aquele tipo de microcâmera podia gerar imagens. Essa testemunha também afirmou que a empresa "estava tendo problemas com os empregados do segundo turno, no setor em que atuava o reclamante".
Ainda conforme prova oral feita nos autos, "o banheiro tinha passado por reforma recente", e uma segunda testemunha da empresa afirmou que "qualquer pessoa, com a ajuda de uma escada, poderia instalar essa microcâmera no local em que o equipamento foi encontrado".
O acórdão, no mesmo sentido da decisão de primeira instância, entendeu que "esse conjunto de fatores indica que, efetivamente, a reclamada tinha interesse numa maior fiscalização visual do setor". Também afirmou que, "sendo incontroverso que a microcâmera estava acoplada à luminária do banheiro", não seria razoável que tal instalação ocorresse sem a ciência da reclamada. Por isso, a Câmara responsabilizou a empresa.
O acórdão concluiu que "a existência de microcâmeras instaladas em banheiro da empresa afronta a dignidade da pessoa do trabalhador, posto que invade a sua privacidade", e, portanto, deve o empregador "arcar com os ônus do assédio moral, mediante o pagamento de indenização".